segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Ouro É O Que Vale


Narrado em forma de balada e, por isso mesmo, intercalando seus acontecimentos com trechos de canções (ou seria uma só canção) que comenta direta e detalhadamente o que transcorre na tela –proporcionando aos eventos assim uma romantização ainda mais enfática do que seria o normal no já romantizado gênero de faroeste, este “Ouro É O Que Vale” encontra mais significado no fato de ser produzido por Blake Edwards do que em ser dirigido pelo nítido operário contratado William Graham.
É o apreço de Edwards pela comédia espontânea e contagiante o norte para o qual o filme aponta o tempo todo –enquanto no mesmo período, 1967, haviam filmes italianos (os ‘espaghetti’) de rasgante epopeia e filmes norte-americanos amargamente revisionistas para com o gênero, este é um dos mais leves, descompromissados e descontraídos faroestes já lançados.
Ele se inicia com um roubo de um malote de ouro em posse do Exército Confederado. Os três bandidos envolvidos no crime (entre eles, um soldado desertor), entretanto, têm seu plano acometido de um rumo inesperado.
Eles se separam e um deles é incumbido de enterrar o ouro, deixando a localização em um mapa a ser compartilhado com os outros. Todavia, esse bandido, valentão, envolve-se num duelo com o desprendido Lewton Cole (James Coburn, sensacional).
Tão desprendido, que nem leva muito essa coisa de duelo a sério: Enquanto o adversário lhe aguarda plantado num campo aberto, Lewton vai lá, esgueira-se atrás do cavalo e lhe fulmina com um tiro de espingarda!
Não sem antes, claro, tomar conhecimento do mapa que o levará até o tesouro.
No encalço dessa pista, Lewton Cole cruza-se com outros personagens que acrescentarão mais percalços em seu caminho: O xerife Copperud (Carroll O’ Connor) que pretende soar autoritário e firme, mas exala galhofa, e a filha dele, Bilee (a linda Margaret Blye) que após um interlúdio sexual e clandestino com Lewton passa a persegui-lo com uma promessa ambígua de aliança, vingança e relacionamento.
Entre confusões, encontros e desencontros que fazem o gosto do produtor Blake Edwards, somados a uma ambientação no Velho Oeste, esta é uma trajetória divertida que se acompanha com muito prazer graças, sobretudo, ao carisma indiscutível do astro James Coburn.

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