Foi dada a largada à temporada de premiações
com a cerimônia ocorrida neste dia 6 de janeiro que, de início, pelo menos, foi
estranhamente enfadonha e pouco marcante, mesmo diante do fato de que o Golden
Globe costuma ser uma festa mais animada e solta. Dessa forma, há pouco de
interessante para se falar que vá além dos filmes ganhadores, com “Green Book”
e “Bohemian Rhapsody” revelando um inesperado favoritismo que só o tempo dirá
se irá manter-se.
Por sua natureza mais descontraída, é normal
esperar do Golden Globe algumas atitudes distintas dos prêmios que se seguirão,
só não podemos saber com precisão quais serão elas.
Teria “Roma”, de Alfonso Cuarón, as mesmas
chances de se consagrar em outras premiações mesmo com o selo da Netflix?
Por outro lado, o badalado “Nasce Uma Estrela”
terá alguma atenção nas próximas premiações que se estendam para além das
generosas indicações?
Melhor filme - Drama
"Bohemian Rhapsody"
Melhor ator de filme - Drama
Rami Malek,
"Bohemian Rhapsody"
Não foi todo mundo
que ficou satisfeito com a premiação de “Bohemian Rhapsody” na categoria
principal –houve até quem acusasse o Golden Globe por não se levar a sério com
esse gesto.
Entretanto, o prêmio
de Melhor Ator Dramático para Rami Malek pareceu bem mais apropriado, uma vez
que é sua composição como Freddie Mercury o grande chamariz da obra.
Curiosa também é a
postura de todos os envolvidos de praticamente omitir o nome do diretor Bryan
Singer de todos os discursos de agradecimento –ele que foi afastado do projeto
faltando duas semanas de sua conclusão devido ao escândalo de denúncias de
abuso sexual.
Melhor atriz de filme - Drama
Glenn Close,
"The Wife"
A torcida do público
aparentemente se inclinava para o ótimo trabalho de Lady Gaga, mas o Golden Globe
optou por seguir a lógica do merecimento, reconhecendo uma veterana que não
tinha sido, até então, contemplada com os prêmios que merece.
Assim como ocorreu
com Gary Oldman no ano passado (ele quem, aliás, apresentou o prêmio), este
parece ser o momento de Glenn Close, atriz que, há algum tempo vem sendo
falado, é um absurdo que nunca tenha levado um Oscar.
O Golden Globe é um
indício dos rumos que a premiação de Melhor Atirz pode tomar ao longo da
temporada de prêmios em geral, e na cerimônia do Oscar em particular.
Melhor Filme - Musical ou Comédia
"Green Book: O
Guia"
O trabalho solo de
Peter Farrelly (pela primeira vez sem colaborar com seu irmão Bobby) terminou
superando predileções do público (“O Retorno de Mary Poppins” e “Podres de
Ricos”) e obras apontadas com mais favoritismo (“A Favorita” e “Vice”).
Se há uma obra que
ganhou inesperada força com este Golden Globe foi essa.
Melhor atriz em filme - Musical ou Comédia
Olivia Colman,
"A Favorita"
Eis que o filme de
Yorgos Lanthimos sobre o inusitado triângulo amoroso na corte da rainha Anne de
Inglaterra teve uma de suas protagonistas premiada.
Da forma como está,
parece que Olivia Colman está representando todo o trio principal. Resta saber
se essa tendência –a de colocar Olivia nas categorias principais e Rachel Weisz
e Emma Stone nas de coadjuvante –se manterá ao longo de toda a temporada de
prêmios.
Melhor diretor de filmes
Alfonso Cuarón,
"Roma"
Melhor filme em língua estrangeira
"Roma"
(México)
A excelência do
trabalho de Alfonso Cuarón confirma sua tendência em prevalecer nas premiações
da temporada, não obstante “Roma” ser um produto oriundo da plataforma de
streaming Netflix. O que traz um dilema aos membros da Academia: Render-se ao
novo formato quebrando os paradigmas que definem o que é cinema, ou recusar o
reconhecimento a um filme que o merece plenamente?
Melhor ator em filme - Musical ou Comédia
Christian Bale,
"Vice"
Melhor roteiro para filme
Peter Farrelly, Nick
Vallelonga, Brian Currie ("Green Book: O Guia")
Melhor ator coadjuvante em filmes
Mahershala Ali,
"Green Book: O Guia"
O sempre empenhado Christian Bale arrebatou o
prêmio de Melhor Ator Cômico por um trabalho que surpreende, sobretudo, por sua
completa metamorfose para o papel –é sua segunda colaboração com o diretor Adam
McKay depois do ótimo “A Grande Aposta” (deu pra perceber uma ligeira
embriaguez em seu discurso. Coisas do Golden Globe).
A partir de um ponto, porém, foi “The Green
Book” que passou a se impor entre os prêmios na categoria de comédia, tornando
Mahershala Ali um dos nomes a se acompanhar bem de perto nas premiações.
Melhor atriz coadjuvante em filmes
Regina King, "Se
A Rua Beale Falasse"
Não parece haver
maiores diferenças entre “Se A Rua Beale Falasse” e “Sob A Luz do Luar”,
trabalho anterior do diretor Barry Jenkins. A mesma aparência de discreto filme
independente que amealha prêmios inesperados.
Aqui, esse imprevisto
já coloca Regina King como a favorita da temporada, inclusive pela considerável
ausência de concorrentes mais fortes.
Melhor música para filmes
"Shallow",
"Nasce Uma Estrela"
Em meio ao intenso
burburinho de sua badalação, fazia sentido mesmo que, ao menos, o único prêmio
que não escapasse à “Nasce Uma Estrela” fosse o de Melhor Canção –e “Shallow”
corresponde, por vezes, a um dos grandes momentos do filme.
Melhor trilha original para filmes
Justin Hurwitz,
"O Primeiro Homem"
Depois de ter sido
esnobado na maioria das indicações, ninguém esperava que “O Primeiro Homem”
saísse vitorioso numa categoria onde alguns até se permitiam ter esperança pela
vitória de “Pantera Negra”.
Foi Justin Hurwitz quem
levou esse mesmo prêmio em 2017, também por um filme de Damien Chazelle, “La La
Land-Cantando Estações”.
Melhor animação
"Homem-Aranha no
Aranhaverso"
Quebrando a hegemonia
Disney/Pixar que já durava sabe-se lá quanto tempo, a bem-sucedida animação da
Sony Pictures conquistou a crítica estrangeira e ameaça, com isso, consagrar-se
como a mais funcional e vibrante tradução do herói aracnídeo para as telas de
cinema.
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