A celebrada parceria entre Johnny Depp e
Angelina Jolie não chega a explodir em cena nesta refilmagem do francês
"Anthony Zimmer-A Caçada", que tinha a seu favor, além da beleza da
francesa Sophie Marceau, a naturalidade que normalmente a obra original tem em
comparação à estrutura invariavelmente engessada de sua refilmagem.
A história é seguida à risca. Nela, um
professor norte-americano (vivido com a perplexidade minimalista de sempre por
Johnny Depp), em viagem pela Europa, é colhido numa trama mirabolante: Vigiada
de perto pela Interpol, mulher sedutora ao estilo femme fatale (vivida com a
auto-consciência de sua própria persona por Angelina Jolie), deve desviar a
atenção das autoridades da nova identidade de seu marido criminoso, que fez uma
cirurgia plástica e tem, segundo consta, um novo rosto que ninguém conhece.
Para tanto, ela seduz o tal professor de modos
a fazê-lo parecer o próprio homem procurado aos olhos dos policiais. Em visita
turística à cidade de Veneza (que substitui com pompa e circunstância a
ambientação européia mais aleatória do filme original) pobre homem terá muitas
dores de cabeça, ainda que a atração por ela talvez seja grande o suficiente
para ele manter propositadamente o embuste.
O diretor alemão Florian Henckel Von Donnersmarck
(do oscarizado “A Vida dos Outros”) parece ligeiramente consciente do lapso
inevitável de sua narrativa: Calcada em sucessivas reviravoltas (que já soavam
mirabolantes do filme francês!), a produção hollywoodiana encontra dificuldade
em trabalhar essas expectativas, sobretudo, diante do fato de que, no outro
filme, tais revelações foram sendo acrescentadas na trama ao sabor dos
improvisos e da realização, enquanto que aqui baseia-se somente no filme já
feito, para dele extrair uma obra norte-americana.
A velha preguiça de ler legendas...
A direção assim opta pelo incremento do visual,
das imagens de cartão-postal (é, afinal, Veneza!), dos valores de produção e da
ênfase em seu casal protagonista estelar, afastando-se bastante do tom despretensioso
do filme anterior.
É, assim, uma oportunidade
para conferir as diferenças abissais que podem acometer dois projetos
inspirados praticamente na mesma premissa, mas, tratados de forma completamente
distinta.
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