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terça-feira, 23 de outubro de 2018

Memphis Belle - A Fortaleza Voadora


O diretor inglês Michael Caton-Jones sempre deixou que a irregularidade prevalecesse em sua obra. Uma irregularidade que contaminava suas escolhas estilísticas (nota-se em sua filmografia inclinações diversas para todos os tipos de posturas e gêneros) e as características de seus filmes em geral –houveram muitos diretores que optaram por filmes radicalmente diferentes uns dos outros, mas cuja personalidade manifestava-se na realização tornando similares obras que aparentavam extrema diferença.
Não é o caso de Caton-Jones: De filmes como a comédia rasteira “Dr. Hollywood-Uma Receita de Amor” e o drama “O Despertar de Um Jovem” à aventura “Rob Roy-A Saga de Uma Paixão” e a continuação pseudo-erótica de “Instinto Selvagem”, sua direção parece se adaptar à vontade de seus produtores, como o mais dócil dos operários.
Nesse contexto, o drama de guerra “Memphis Belle-A Fortaleza Voadora” é um de seus melhores trabalhos (talvez, com a honrosa exceção do thriller “Escândalo”).
Como em todos, nele prevalece as vontades e as intenções do produtor que, neste caso, é David Puttman que, desde a década de 1980, gozava de relativo prestígio tendo conquistado um improvável Oscar de Melhor Filme com “Carruagens de Fogo” (um dos grandes azarões do Oscar) e assinando ao menos uma obra inquestionavelmente cult, a mais peculiar e autoral de todas as versões de Tarzan, “Greystoke”.
Ambientado na Segunda Guerra Mundial e lançado muitos anos antes de “O Resgate do Soldado Ryan” –e, portanto, destituído do fulgor energético para com as cenas de batalha que o filme de Spielberg obrigou praticamente todos os filmes de guerra a ter depois dele –o enredo de “Memphis Belle” se inicia em 1943.
Há uma comoção à pairar na atmosfera daquela base aérea norte-americana ambientada na Inglaterra: Uma de suas tripulações (justamente a do B-17 nomeado Memphis Belle) está prestes a completar a inédita marca de vinte e cinco missões completas, o que fará dela a primeira equipe a conseguir completar suas tarefas e voltar para casa.
A derradeira missão é carregada de expectativa da parte dos soldados –que se dividem entre empolgação pela conquista iminente e medo da morte provável –e de seus oficiais, entre os quais o humanista e paternalista Capitão Dennis Dearborn (Matthew Modine, de outro belo drama de guerra, “Nascido Para Matar”, de Stanley Kubrick).
No percurso dessa missão (que consiste num arriscado bombardeio à cidade de Bremem, na Alemanha), e no suspense que ela suscita, o filme explora, numa narrativa embriagada da nostalgia do cinema à moda antiga que parece buscar, os anseios e reflexões muitos humanos de seus integrantes, abrindo espaço para um elenco masculino homogêneo e dedicado: O sensível e austero Danny (Eric Stolz); o impulsivo e sem-noção Rascal (Sean Astin); o boa-praça Clay (Harry Connick Jr. cuja verve de cantor é aproveitada numa das mais famosas cenas); o auto-declarado médico Val (Billy Zane); o tremendamente abalado Phil (D.B. Sweeney); o irrequieto e voluntarioso Luke (Tate Donovan); o resignado Virgil (Reed Diamond); o supersticioso Eugene (Courtney Gains); e o taciturno e sério Jack (Neil Giuntoli).
Nem tanto uma obra debruçada sobre o espetáculo da guerra quando à exaltação de bons sentimentos (embora a sequência final prime por realismo e intensidade), este filme abre mão de atos heroicos individuais para entregar a história de um emocionante e sincero esforço conjunto.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Fogo No Céu

Até onde se sabe, a primeira e única ficção científica do cinema alardeadamente baseada em fatos reais.
Infelizmente, o conceito e a sugestão de “Fogo No Céu” são muito mais atraentes do que o filme que disso originou-se. Trata-se de um drama que parte de um evento misterioso e nebuloso ocorrido à um grupo de amigos que, durante uma saída noturna, viram o que presumiram seu um disco voador. Para tornar ainda mais estarrecedora sua experiência, um deles, Travis (D.B. Sweeney, cuja cara de peixe morto até que é adequada ao personagem), meio que sob efeito de algum transe, sai do carro e se aproxima do estranho objeto, só para ser levado sem maiores indícios.
O quê aconteceu com ele? Essa é a dúvida da qual o filme parece se valer para manter seu suspense –e em inúmeros momentos, o emprego dessa premissa soa francamente vulgar.
Dias depois, Travis reaparece, a memória fragmentada pelo incidente e o trauma –que parece bloquear até mesmo sua capacidade de verbalizar qualquer coisa a respeito –é severo.
Em meio às observações mais usuais e mais banais desse tipo de acontecimento, o filme entrega sua cena mais famosa (e, para alguns, mais discutível): Um flashback, algo gratuito, onde Travis se vê numa nave alienígena, à disposição forçada do sadismo cirúrgico dos extraterrestres que impiedosamente submetem seu corpo à operações e experimentos. Não há muito embasamento na cena, entretanto, lhe sobra sensacionalismo na afirmação velada que ela faz do quê de fato ocorreu com Travis –na vida real, ele, Travis Walton, é até hoje um dos maiores palestristas do mundo da ufologia, e seu relato verdadeiro difere –em diversos tópicos, para efeitos narrativos –daquilo que é mostrado no filme.

Talvez, o que a obra do diretor Robert Lieberman faça seja, no fim das contas, algo inédito no cinema –mas, não com a variedade de méritos que seus realizadores imaginam: Apropria-se de um fato real nebuloso e vasto em lacunas a serem preenchidas, para torná-lo uma mistura algo desajeitada de ficção científica sensacionalista (nos moldes daqueles documentários apelativos do canal History!) e filme de terror.