domingo, 5 de junho de 2016

Greystoke - A Lenda de Tarzan

Muitos foram os filmes que trataram das aventuras do homem-macaco. Tal qual Drácula e Sherlock Holmes, Tarzan é um herói tão icônico e arraigado na cultura pop que se tornou uma referência para tudo o quê, por ventura, lhe tenta se aproximar.
Filmes de Tarzan surgem desde os tempos do cinema preto e branco (a gloriosa fase dos filmes de Johnny Westmuller), chegando a existir até mesmo uma animação da Disney (de 1999, e uma das mais saborosas versões do personagem!).
Um novo filme está prestes a sair, com Alexander Skarsgard, como Tarzan, e a celestial Margot Robie, como Jane.
Mas, uma das versão mais inusitadas e curiosas do personagem surgiu, para variar, na década de 1980.
É chamada “Greystoke-A Lenda de Tarzan” (em referência ao Lorde de Greystoke, o título que Tarzan descobre pertencer à sua família quando tenta regressar à civilização), e trazia um campeão de natação no papel (como o fora Johnny Westmuller), em estréia no cinema, um certo Christopher Lambert, que depois ganharia fama com outro clássico oitentista, o divertido “Highlander-O Guerreiro Imortal”. Jane, por sua vez, era interpretada pela doce Andie MacDowell, num registro bem diferente da personagem visto em outras versões.
A trama, à rigor, é a mesma de sempre: Criado por macacos, após o desaparecimento e morte de seus pais em meio à selva africana, Tarzan é levado à Londres, onde conhece seu avô (Ralph Richardson) e passa a tomar conhecimento da origem aristocrática que lhe pertence.
Mas a civilização não tem um lugar para Tarzan, e ele nem mesmo deseja fazer parte dela.
Dessa forma, este filme intrigante se posiciona como uma releitura diferente, talvez, a mais desigual já realizada.
Pode-se dividi-lo em duas partes: A primeira, onde vemos a selva e a origem de Tarzan propriamente ganha forma, para logo conhecermos os outros personagens humanos.
Há um tom quase gore em muitas sequências que abusam da sanguinolência, o que vem a ser indicativo da direção escorregadia do inglês Hugh Hudson.
Com um prestígio meteórico adquirido pela consagração do drama esportivo “Carruagens de Fogo” junto ao Oscar 1981, Hudson foi escolhido pelo mesmo produtor daquele filme, David Puttman, para conduzir esta reformulação do personagem de Edgar Rice Burroughs. Mas, o próprio resultado final visto aqui demonstra que a aclamação ao diretor pode ter sido tão presunçosa quanto precipitada.
A segunda parte, quando Tarzan cede às instruções dos homens que o identificaram e vai para Londres agrega elementos mais dramáticos, com os quais o diretor Hudson se vê mais à vontade. É nessa parte (a despeito de cenas plasticamente admiráveis vistas no trecho da selva) que o foco da narrativa se evidencia ao observar o choque cultural do personagem e o esmero com que a caracterização de Christopher Lambert constrói um Tarzan mais visceral, e mais despojado, próximo de realidade animal.
O final surpreende na maneira com que ele encerra, num travo amargo a triste, o romance entre Tarzan e Jane, tão idealizado e feliz nas outras versões.

Dessa maneira, a despeito de suas inúmeras falhas, há em “Greystoke” uma série de elementos curiosos que diferenciam este trabalho do que pode ser considerado convencional. Eis aí um belo candidato à Cult.

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