sexta-feira, 3 de junho de 2016

Bata Antes de Entrar

Eli Roth tem lá o seu estilo. Seus filmes prestam homenagem aos paradigmas do terror e, não raro, pontuam suas tramas com elementos sexuais extraídos das fantasias masculinas mais corriqueiras.
"O Albergue" já era prova daquilo que "Bata Antes de Entrar" já ratifica.
O problema: O segundo filme vem a revelar a perda do sopro de renovação que Eli Roth demonstrava no primeiro.
Como em "Albergue", "Bata..." começa sugestivo, picante e sensual: Sozinho em casa em razão de uma viagem que sua esposa e seus filhos fizeram à praia, Evan (Keanu Reeves, também produtor executivo) não tarda a receber a inesperada visita de duas jovens espetaculares; a morena Lorenza Izzo e a loira Ana de Armas (a primeira, namorada do próprio Eli Roth; a segunda, a melhor coisa do filme!).
Elas se insinuam, como só personagens de cinema mesmo são capazes de se insinuar, e como ninguém é de ferro o protagonista tem uma noitada de sexo à três com elas. Mas, ao acordar na manhã seguinte tudo estará diferente e as duas jovens vão se revelar cada vez mais psicóticas, na medida em que transformam a vida do sujeito num inferno.
A partir desse ponto, Eli Roth instala os elementos-chave de filme de terror que ele conhece tão bem. Ou que conhecia: Tudo em "Bata Antes de Entrar" torna-se enfadonho, banal e repetitivo depois da sensacional cena em que vemos as duas garotas nuas (e que proporciona, portanto, a mudança de tom do filme).
Em última instância, a abordagem que Eli Roth vislumbra do filme depois da virada até bastante óbvia que a trama sofre, poderia ser semelhante ao enfoque dado por Michael Haneke em "Violência Gratuita", do qual "Bata..." herda muitas semelhanças. Mas, Eli Roth não tem o requinte de Haneke, e nem tampouco seu filme vem revestido por qualquer senso de observação de alguma falsa noção de segurança da classe burguesa, ou mesmo expedientes mais sofisticados.
O que Roth quer é tão somente fazer um conto de terror onde converte uma das mais notórias fantasias masculinas num pesadelo. E só. Não existe, por exemplo, motivação no comportamento das duas personagens: Ficamos a esperar por uma justificativa, de repente, alguma informação acerca do passado do personagem de Reeves que explique o porque daquilo estar lhe acontecendo, mas nada aparece.
Em outros filmes, com outros diretores, esse detalhe (a omissão estratégica de um porquê) poderia ser sugestivo, acrescentar camadas e ampliar o leque de possibilidades e ramificações do enredo. Mas, com Roth soa tão somente como uma omissão mesmo, deixando no ar os propósitos que engatilharam a narrativa de seu filme.
Não chega a ser uma catástrofe, mas ele dá aqui, passos significativos nessa direção.

Um comentário:

  1. Muito bom filme! Bata Antes de Entrar é um dos meus filmes favoritos porque tem um tema feminista. A Ana de Armas também me surpreendeu. Na verdade não sou muito fã do seu trabalho, mas houve outro trabalho em que também gostei no cinema o filme Blade Runner legendado. Ela fez um trabalho incrível de novo. Acho que se consolidou como atriz e conseguiu encantar ao espectador. Recomendo muito o filme, é uma historia que vale a pena ver. Para uma tarde de lazer é uma boa opção.

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