Eli Roth tem lá o seu estilo. Seus filmes
prestam homenagem aos paradigmas do terror e, não raro, pontuam suas tramas com
elementos sexuais extraídos das fantasias masculinas mais corriqueiras.
"O Albergue" já era prova daquilo que
"Bata Antes de Entrar" já ratifica.
O problema: O segundo filme vem a revelar a
perda do sopro de renovação que Eli Roth demonstrava no primeiro.
Como em "Albergue",
"Bata..." começa sugestivo, picante e sensual: Sozinho em casa em
razão de uma viagem que sua esposa e seus filhos fizeram à praia, Evan (Keanu
Reeves, também produtor executivo) não tarda a receber a inesperada visita de
duas jovens espetaculares; a morena Lorenza Izzo e a loira Ana de Armas (a
primeira, namorada do próprio Eli Roth; a segunda, a melhor coisa do filme!).
Elas se insinuam, como só personagens de cinema
mesmo são capazes de se insinuar, e como ninguém é de ferro o protagonista tem
uma noitada de sexo à três com elas. Mas, ao acordar na manhã seguinte tudo
estará diferente e as duas jovens vão se revelar cada vez mais psicóticas, na
medida em que transformam a vida do sujeito num inferno.
A partir desse ponto, Eli Roth instala os
elementos-chave de filme de terror que ele conhece tão bem. Ou que conhecia:
Tudo em "Bata Antes de Entrar" torna-se enfadonho, banal e repetitivo
depois da sensacional cena em que vemos as duas garotas nuas (e que
proporciona, portanto, a mudança de tom do filme).
Em última instância, a abordagem que Eli Roth
vislumbra do filme depois da virada até bastante óbvia que a trama sofre,
poderia ser semelhante ao enfoque dado por Michael Haneke em "Violência
Gratuita", do qual "Bata..." herda muitas semelhanças. Mas, Eli
Roth não tem o requinte de Haneke, e nem tampouco seu filme vem revestido por
qualquer senso de observação de alguma falsa noção de segurança da classe
burguesa, ou mesmo expedientes mais sofisticados.
O que Roth quer é tão somente fazer um conto de
terror onde converte uma das mais notórias fantasias masculinas num pesadelo. E
só. Não existe, por exemplo, motivação no comportamento das duas personagens:
Ficamos a esperar por uma justificativa, de repente, alguma informação acerca
do passado do personagem de Reeves que explique o porque daquilo estar lhe
acontecendo, mas nada aparece.
Em outros filmes, com outros diretores, esse
detalhe (a omissão estratégica de um porquê) poderia ser sugestivo, acrescentar
camadas e ampliar o leque de possibilidades e ramificações do enredo. Mas, com
Roth soa tão somente como uma omissão mesmo, deixando no ar os propósitos que
engatilharam a narrativa de seu filme.
Não chega a ser uma
catástrofe, mas ele dá aqui, passos significativos nessa direção.
Muito bom filme! Bata Antes de Entrar é um dos meus filmes favoritos porque tem um tema feminista. A Ana de Armas também me surpreendeu. Na verdade não sou muito fã do seu trabalho, mas houve outro trabalho em que também gostei no cinema o filme Blade Runner legendado. Ela fez um trabalho incrível de novo. Acho que se consolidou como atriz e conseguiu encantar ao espectador. Recomendo muito o filme, é uma historia que vale a pena ver. Para uma tarde de lazer é uma boa opção.
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