sexta-feira, 22 de abril de 2016

O Caçador e A Rainha do Gelo

"Branca de Neve e O Caçador" era um filme que tinha lá seus problemas, mas eles eram amplamente compensados pela convicção com que o diretor Rupert Sanders adotava um tom épico-realista (cuja referência-mor era "O Senhor dos Anéis") para recontar a história de Branca de Neve.
Se havia uma protagonista das mais banais, interpretada pela péssima Kristen Stewart havia, em compensação, uma antagonista magnífica, numa formidável atuação de Charlize Theron como a bruxa má, Ravenna.
Assim, o filme acabou surpreendendo nas bilheterias, ao contrário da versão mais inclinada para a comédia, dos estúdios Disney, "Espelho, Espelho Meu", com Julia Roberts.
Problema número 1: Durante o período de divulgação do filme, Kristen Stewart e o diretor Sanders (que, à propósito, era casado) foram flagrados em um momento íntimo, trazendo exposição negativa ao filme.
Problema número 2: A melhor personagem do filme, Ravenna (a despeito da boa presença do herói, Chris Hemsworth, como o Caçador) morria no final.
Problema númera 3: Continuar uma trama com começo, meio e fim bem definidos, e que -já que era o caso -não contaria nem com seu diretor e nem com a sua atriz principal, ambos afastados.
Para esses problemas, a Universal Studios até encontrou uma saída bastante desenvolta, chamando o diretor de segunda unidade do filme anterior, Cedric Nicolas-Troyan, o que preservou a mesma identidade visual ao filme, ainda que sua inexperiência conferisse ocasionais lapsos de ritmo.
A trama, contornou engenhosamente os fatos que precisavam ser contornados, como não utilizar a atriz Kristen Stewart, mesmo que a personagem fosse de certa forma essencial à uma sequencia (neste caso, ela é constantemente citada e mencionada ao longo, mas nunca aparece, salvo por uma breve cena na qual há uma dublê de costas...), e a intenção de utilizar uma personagem que todos queriam de volta, por mais que ela estivesse, bem... morta! Assim, o filme inicia-se antes da história contada no filme anterior, para revelar que Ravenna tinha, sim, uma irmã, bruxa como ela, detentora no caso, do poder sobre o gelo (e a referência ao sucesso Disney "Frozen" tem sido amplamente comentado pela imprensa). Curiosamente, o personagem de Sam Spruell -que no outro filme é, sim, irmão da personagem de Charlize -não é sequer lembrado na narrativa. O novo filme revela que Freya (Emily Blunt, também ela excelente), a irmã de Ravenna, estava diretamente relacionada com a história do Caçador, esboçada por alto no primeiro filme, onde ele perdeu a mulher que ama.
Essa mulher, Sarah (a sempre sensacional Jessica Chastain), treinada como caçadora, tal qual ele, foi dada como morta quando ele deixou o reino de Freya.
Logo, a narrativa avança sete anos no tempo, e coloca-se cuidadosamente após os eventos do outro filme, permitindo que o Caçador parta em outra missão, em nome de Branca de Neve, mas, quem faz todas as negociações em nome dela é o príncipe Willian (Sam Claffin). Assim, acompanhado de dois anões, ele reencontra sua amada Sarah que, ao contrário do que foi mencionado no filme anterior, não morreu e, mais tarde, Freya, que vai usar de alguns poderes para trazer de volta a irmã diabólica, Ravenna, permitindo que Charlize Theron agracie o filme com sua estupenda e regozijada interpretação, como fez com o original, ainda que neste daqui, sua presença não some mais do que usn vinte minutos.
Não tem o menor problema.
Se há um elemento que coloca este novo filme num patamar mais alto e digno do que o filme anterior, é o fato de que a sofrível Kristen foi substituída aqui por duas atrizes plenamente capazes e talentosas, Jessica Chastain e Emily Blunt. O saldo acaba sendo pra lá de positivo.

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