O segundo filme da carreira de Ken Russell foi
lançado em 1969, dando à ele sua única indicação ao Oscar de Melhor Diretor.
Acabou ganhando o Oscar de Melhor Atriz para Glenda Jackson.
Curioso é que o mesmo Ken Russell realizou,
décadas depois, um prequel (ou seja, uma continuação que narra eventos
ocorridos anteriormente ao filme original) adaptando, mais uma vez D.H.
Lawrence: Trata-se de “O Despertar de Uma Mulher Apaixonada” ou “The Rainbow”
(este filme, por sinal, já foi resenhado aqui!). Notem o intuito picareta do
título nacional em relacionar os dois filmes...
“The Rainbow”, no caso, centrava-se na
personagem de Ursula (interpretada pela jovem Sammi Davis) que aqui,
curiosamente, ganha menos protagonismo do que Gudrun, sua outra irmã
(curiosamente, Glenda Jackson, a intérprete oscarizada de Gudrun neste filme
interpreta a mãe das duas irmãs em “The Rainbow”).
Enfim, a câmera de Russell, menos virtuosa e
atrevida do que em trabalhos que vieram depois, acompanha os percalços afetivos
das duas irmãs, Gudrun (Jackson, realmente ótima) e Ursula (Jennie Linden,
luminosa) que se relacionam, aos trancos e barrancos, com dois rapazes, Gerald
(Oliver Reed) e Ruppert (Alan Bates) na Inglaterra em meados da década de 1920.
Acontece que Russell (e certamente a verve do
autor Lawrence já proveniente da obra literária que o diretor trata de
potencializar) tem interesse em focar nos aspectos díspares que surgem dessas
relações a despeito das convenções sociais que pesavam (não raro, com opressão
esmagadora) sobre todos, em especial, a tensão homoerótica que pulsa entre os
dois amigos, Geral e Ruppert: Muito famosa é a cena em que os dois atores
encenam uma espécie de luta romana, ambos completamente nus, diante das chamas
de uma lareira.
Como sempre foi inerente à sua postura, Russell
desfralda de maneira incisiva o véu de pudor de seus personagens à medida que
conduz a trama com notável noção de subtexto.
Muitos afirmam ser este daqui o seu melhor
filme. Não concordo com isso, nem sob um decreto, mas mesmo assim, ainda
representa o fascinante lampejo inicial de um gênio que daria outras grandes e
pulsantes contribuições ao cinema, na forma das mais variadas e desconcertantes
experiências sensoriais.
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