sábado, 25 de março de 2017

Conspiração Xangai

Este filme dificilmente chamaria a minha atenção não fosse a presença da deslumbrante Gong Li.
E realmente, exceto por ela, sobra pouca coisa relevante de fato nesta obra a moda antiga, cujos produtores parecem contentar-se com um clima charmoso para atrair algum público. O quê a pouca expressiva bilheteria, e o fato de o filme ser tão pouco lembrado mostra que não foi o suficiente.
Shangai. Com a Segunda Guerra Mundial em curso (e ainda sem a intervenção dos EUA), um agente norte-americano disfarçado de jornalista (John Cusack, num papel não muito adequado à suas capacidades como ator) chega à única cidade não ocupada da China, a fim de solucionar o mistério do assassinato de seu melhor amigo (Jeffrey Dean Morgan, em uma breve e excelente participação). As pistas o levam a um casal de aristocratas chineses (Gong Li e o sempre eficiente Chow Yun Fat) que mantém conexões com os japoneses e alemães.
Ele torna-se amigo do marido e inicia um envolvimento com a mulher que, suspeita ele, guarda muitos segredos.
Embora a narrativa almeje emular o charme dos grandes títulos deste gênero, os realizadores parecem ignorar que a grande revelação ocorrida mais ou menos na meia hora final (e que trata-se do então iminente ataque japonês planejado contra a base americana de Pearl Harbor, no Hawaí) pode ser facilmente adivinhada muito antes desse momento chegar.
Uma falha grave num filme que acerta em outros tantos quesitos: E eles respondem, sobretudo, às questões técnicas que recriam a época e a ambientação com esmero –embora esse tipo de elogio, à uma superprodução norte-americana não seja exatamente um mérito, afinal, são gastos milhões em orçamento e equipe técnica de ponta para que tais filmes realmente tenham uma qualidade visual inquestionável.
O diretor Michael Hafstrom (de filmes de terror oscilantes e irregulares como “1408” e “O Ritual”) envereda por uma produção que busca agregar um requinte maior à sua filmografia, bebendo de vastas influências cinematográficas do passado (“Casablanca”, uma das mais evidentes, embora os trabalhos de Alfred Hitchcock também tenham um ressonância talvez ainda mais poderosa) para compor esta mescla de noir e filme de espionagem que não escapa de um certo deslumbramento formal, apesar de ter Gong Li, talvez a única atriz chinesa capaz de interpretar uma femme fatale.

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