Este filme dificilmente chamaria a minha atenção
não fosse a presença da deslumbrante Gong Li.
E realmente, exceto por ela, sobra pouca coisa
relevante de fato nesta obra a moda antiga, cujos produtores parecem
contentar-se com um clima charmoso para atrair algum público. O quê a pouca
expressiva bilheteria, e o fato de o filme ser tão pouco lembrado mostra que não
foi o suficiente.
Shangai. Com a Segunda Guerra Mundial em curso (e
ainda sem a intervenção dos EUA), um agente norte-americano disfarçado de
jornalista (John Cusack, num papel não muito adequado à suas capacidades como
ator) chega à única cidade não ocupada da China, a fim de solucionar o mistério
do assassinato de seu melhor amigo (Jeffrey Dean Morgan, em uma breve e
excelente participação). As pistas o levam a um casal de aristocratas chineses
(Gong Li e o sempre eficiente Chow Yun Fat) que mantém conexões com os
japoneses e alemães.
Ele torna-se amigo do marido e inicia um
envolvimento com a mulher que, suspeita ele, guarda muitos segredos.
Embora a narrativa almeje emular o charme dos
grandes títulos deste gênero, os realizadores parecem ignorar que a grande
revelação ocorrida mais ou menos na meia hora final (e que trata-se do então
iminente ataque japonês planejado contra a base americana de Pearl Harbor, no
Hawaí) pode ser facilmente adivinhada muito antes desse momento chegar.
Uma falha grave num filme que acerta em outros
tantos quesitos: E eles respondem, sobretudo, às questões técnicas que recriam
a época e a ambientação com esmero –embora esse tipo de elogio, à uma
superprodução norte-americana não seja exatamente um mérito, afinal, são gastos
milhões em orçamento e equipe técnica de ponta para que tais filmes realmente
tenham uma qualidade visual inquestionável.
O diretor Michael Hafstrom
(de filmes de terror oscilantes e irregulares como “1408” e “O Ritual”)
envereda por uma produção que busca agregar um requinte maior à sua
filmografia, bebendo de vastas influências cinematográficas do passado
(“Casablanca”, uma das mais evidentes, embora os trabalhos de Alfred Hitchcock
também tenham um ressonância talvez ainda mais poderosa) para compor esta
mescla de noir e filme de espionagem que não escapa de um certo deslumbramento
formal, apesar de ter Gong Li, talvez a única atriz chinesa capaz de
interpretar uma femme fatale.
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