domingo, 23 de abril de 2017

Argo

A produção dirigida por Ben Affleck é um filme primoroso nos mais diversos aspectos, mas talvez, o mais interessante deles é que promove uma junção vistosa, homogênea e relevante entre um cinema sério, de conotações sócio-políticas (e providencialmente baseado em fatos reais) com o entretenimento típico (do qual o próprio Affleck, como ator, participou de inúmeros exemplares), feito puramente para que a tensão, quando suscitada, intensifique a catarse do desenlace seguinte; e nesse aspecto, a direção de Ben Affleck é de uma perspicácia louvável.
Fim dos anos 1970. Sob enorme tensão política, a embaixada americana é invadida no Teerã. Seis de seus funcionários escapam com vida para as ruas e buscam refúgio na embaixada canadense. Sua segurança, porém, deve durar pouco. Correndo contra o tempo, o agente da CIA, especialista em extrações, Tony Mendez (Affleck em interpretação contida e minimalista), elabora uma missão das mais improváveis: Sair daquele país com a identidade de uma equipe cinematográfica canadense que foi lá atrás de locações para um filme de ficção científica intitulado "Argo" –o mundo e a cultura pop, afinal, experimentavam uma febre por filmes de ficção científica iniciada por um certo “Star Wars”!
Para viabilizar essa missão, é criada uma produtora de cinema em funcionamento (contando com os autênticos realizadores vividos por John Goodman e Alan Arkin) e todo um processo ilusório de filmagem que engana os próprios profissionais da área.
O fabuloso Vencedor do Oscar 2013 de Melhor Filme é um prodigioso trabalho do diretor Ben Affleck na construção magistral de uma atmosfera crescente, constituído de uma dosagem refinada (e calibrada à perfeição) de suspense e ritmo. “Argo” se torna fascinante justamente em sua postura, na qual coloca questões culturais, políticas e diplomáticas em segundo plano (sem, no entanto, tirar deles sua importância para com a narrativa) e elege o próprio cinema como o herói da trama e grande salvador dos personagens indefesos e encrencados.
Dentre os últimos ganhadores do Oscar é o mais assumidamente divertido em muito tempo.

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