Existem filmes que são verdadeiras assombrações
para aqueles que desejam aventurar-se em algum gênero cinematográfico
específico.
Quando o versátil diretor escocês Danny Boyle
–vindo da ótima reformulação de filmes de zumbi, “Extermínio" –resolveu
enveredar pelo terreno da ficção científica, certamente, os fantasmas com os
quais ele se deparou foram “Alien”, de Ridley Scott, “2001-Uma Odisséia NoEspaço”, de Stanley Kubrick e “Solaris”, de Andrei Tarkovski; obras essenciais
e passíveis de comparação para qualquer filme cujo cenário é uma espaçonave.
À esses títulos é possível também incluir mais
um: “O Enigma do Horizonte”, de Paul Anderson, cuja trama guarda algumas
grandes semelhanças com esta daqui.
O grande diferencial de “Sunshine”, pode-se
dizer, é o próprio Danny Boyle –sua direção inteligente, elegante e
paulatinamente compenetrada jamais deixa que a premissa (ocasionalmente
absurda) despenque para suas facetas mais banais e redundantes.
A trama se passa no futuro.
Longe do planeta Terra, a bordo da nave Icarus
2.
Após a missão fracassada da Icarus 1, essa
segunda nave parte em direção ao sol deixando para trás um planeta terra a
beira de um inverno solar. O astro-rei está morrendo, sua energia se acabando
(numa probabilidade científica real vislumbrada pelo roteiro) e quando isso
terminar por acontecer todo o sistema solar morrerá, engolido por uma
supernova.
Para deter isso, a tripulação da Icarus 2 leva
consigo uma bomba nuclear que ao ser detonada, supõe-se, reacenderá o sol e
salvará a humanidade da extinção.
O grupo reunido a bordo da nave é, ele próprio,
um conjunto bastante interessante de personagens e interpretes: Robert Capa, o
especialista em fusão atômica –e protagonista –interpretado por Cillian Murphy
(que protagonizou também “Extermínio”); o piloto Mace (Chris Evans, num papel
sensacional bem antes do Capitão América); o honrado capitão Kaneda (o ótimo
Hiroyuki Sanada, de “O Samurai do Entardecer”); a botânica Corazon (Michelle
Yeoh, de "O Tigre e O Dragão"); a cientista Cassie (Rose Byrne); o psicólogo Searle (Cliff Curtis), e
ainda os astronautas vividos por Troy Garity e Benedict Wong.
Até que todos eles cheguem lá, partindo do
princípio surreal de que uma nave tripulada seja capaz de ir em direção ao sol
(ainda que isso seja tratado, na narrativa, com verossimilhança e seriedade), a
tripulação da Icarus 2 descobrirá as conseqüências imprevisíveis que o ser
humano pode sofrer ao tentar se opor a sua própria extinção.
Danny Boyle não perde o
pulso em nenhum momento sequer neste instigante conto de ficção científica
amparado em conceitos existenciais tal qual "Solaris" de Tarkovski,
mas com ritmo e acabamento de filme comercial.
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