Pouco antes de desaparecer por cerca de vinte
anos –e retomar a atividade cinematográfica com “Além da Linha Vermelha”, de
1999 –o diretor Terence Malick entregou este “Cinzas No Paraíso” –ou “Dias de
Paraíso”, tradução do título original como intitulam em alguns lugares –um
arrojo de experimentação visual que inevitavelmente sagrou-se com o Oscar de
Melhor Fotografia.
Como em todos os trabalhos de Malick, as
imagens são mesmo espetaculares acrescentando poder dramático à trama que ele
conta.
O problema é justamente sua história padecer de
alguns aspectos de folhetim que facilmente entediam o expectador: Década de 1930.
Grande Depressão Norte-Americana. Fugitivos de uma vida inclemente, Bill
(Richard Gere), sua namorada Abby (Brooke Adams) e sua irmã menor (Linda Marz)
chegam a uma fazenda de trigo onde decidem trabalhar na temporada da colheita,
contando a todos que são irmãos a fim de evitar perguntas –por uma razão nunca
devidamente esclarecida no nebuloso roteiro.
Durante esse período, o debilitado proprietário
da fazenda (Sam Shepard) encanta-se por Abby e a pede em casamento. Julgando
que ele logo morrerá, Bill aconselha-a a aceitar o pedido para que possam
enriquecer herdando a propriedade. Mas, na contramão de seus planos o rapaz
enfermo não morre, e a convivência que transcorre para além da prevista
temporada vai acirrando as relações –aos poucos, o fazendeiro vai se dando
conta de que Bill a Abby não são irmãos como afirmam ser –deixando claro que
esse triângulo amoroso não se sustentará por muito tempo.
No segundo filme de sua carreira, o autoral
diretor Terence Malick, parece ainda disposto a especular as angústias
subconscientes da América, como no anterior “Terra de Ninguém”, porém aqui numa
ótica mais elaborada (e, no fim das contas, menos eficaz) onde ele justapõe
numa mesma premissa os conceitos de luta de classes, as conseqüências quase
metafísicas da mentira e da dissimulação e os esboços primários de uma família
disfuncional, tudo filmado com luz natural e com cenas majoritariamente
externas (o cinema de Malick parece se dedicar à sublinhar a insignificância do
homem diante da grandiosidade da natureza), resultando num filme onde a trama
por vezes se mostra subserviente às imagens.
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