Ao enveredar por um projeto solo, o diretor
Jerry Zucker (outrora famoso por sua colaboração com o irmão David Zucker e com
Jim Abrahams nas comédias rasgadas “Apertem Os Cintos, O Piloto Sumiu 1” e “2”)
saiu-se com uma obra das mais inesperadas: Um romance mediúnico, por assim
dizer, mais terno e gracioso do que engraçado, pleno em seu romantismo
(potencializado pela canção “Unchained Melody”) ao mesmo tempo que econômico em
sua comédia (ainda que o humor esteja lá, em momentos que encontram sua
intensidade, graças, sobretudo à Whoopy Goldberg, vencedora do Oscar de Melhor
Atriz Coadjuvante).
Sinônimo de bilheteria na época, o hábil galã
Patrick Swayze vive Sam, um rapaz morto em um assalto onde é baleado
acidentalmente. Entretanto, seu espírito permanece junto da garota amada, Molly
(Demi Moore, curiosamente, antes de virar um furacão sexual nos anos 1990, após
“Proposta Indecente”).
Com essa manobra, o afiado, direto e (para a
época) originalíssimo roteiro de Bruce Joel Rubin (vencedor do Oscar) dá a
guinada que o torna pertinente: A duras penas, Sam acaba aprendendo as
idiossincrasias de ser um fantasma (como atravessar paredes, por exemplo) e
descobre, imperceptível aos vivos, que seu assassinato foi planejado por seu
suposto amigo Carl (Tony Goldwyn, cujo crédito mais expressivo é a dublagem do
protagonista de “Tarzan”, da Disney), e que Molly pode ser a próxima vítima dos
criminosos.
Para impedi-los ele precisa aprender com um
fantasma experiente que assombra as instalações do metrô (vivido por Vincent
Schiavelli) como tocar e mover as coisas, já que sua forma é intangível –e
nessa oportunidade, a direção de Zucker encontra uma chance para moldar uma
série de cenas intrépidas, galantes e líricas que registram o personagem em sua
aventura. A única aliada de Sam (e a única que pode se comunicar com ele) é Oda
Mae (Whoopi, realmente divertidíssima) uma golpista até então ignorante de sua
capacidade mediúnica.
Grande sensação do início
dos anos 1990, “Ghost”, com sua receita certeira e bem administrada de uma
enxuta e objetiva trama paranormal aliada à avidez do público por um romance
funcional (e, de fato, a química entre Swayze e Demi é um dos grandes achados
do filme), foi um estrondoso sucesso de bilheteria, e foi também durante algum
tempo, poderosamente influente: Não foram poucos os filmes e séries que,
naqueles anos, fizeram referência ao seu bem sacado enredo básico.
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