quarta-feira, 7 de março de 2018

Conduzindo Miss Daisy

Vindo de ótimas realizações em sua Austrália natal –entre as quais o brilhante drama de guerra “Breaker Morant” –o diretor Bruce Beresford estreou no cinema norte-americano com o árido drama “A Força do Carinho”, com Robert Duvall (para alguns seu melhor trabalho), entretanto, obteve aclamação de fato por seu projeto seguinte: A combinação primorosa de comédia agridoce e drama outonal chamada “Conduzindo Miss Daisy”.
Década de 1950. Após um incidente doméstico onde colidiu com o carro na cerca da casa, a sexagenária Miss Daisy, uma senhora viúva da Louisiana (Jessica Tandy) é obrigada a aceitar os serviços de um chofer contratado pelo filho (o comediante Dan Akroyd, saindo-se maravilhosamente bem num papel sério e dramático).
Chamado Hoke, o motorista (Morgan Freeman) é negro, e ela, como era de se esperar, mostra-se arredia a ele no início, recusando-se a andar de carro e valer-se de seus serviços –enxergando nele as razões que a invalidam para atividades que antes podia fazer naturalmente como dirigir.
Entretanto, o tempo permite a derrubada gradual de barreiras de implicância, o que leva Hoke e Miss Daisy a criarem uma relação de amizade que se estenderá por mais de vinte anos, e atravessará as muitas transformações sociais vividas pelos EUA.
Beneficiando-se da concepção regida por um cineasta fora dos Estados Unidos (e, por isso mesmo, despido de propensões condicionadas ao sentimentalismo redundante), este belo e sensível panorama da América é menos um filme sobre o racismo (embora também o seja) e mais um filme sobre os efeitos irremediáveis do tempo sobre todos nós.
Jessica Tandy, encantadora aos seus 89 anos, recebeu um merecidíssimo Oscar de Melhor Atriz, mas ela está magnificamente acompanhada de Morgan Freeman (que foi indicado ao Oscar de Melhor Ator).

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