Era questão de tempo até que Sam Raimi fizesse
uma continuação de “Evil Dead”, afinal, o filme o tinha colocado no circuito
dos realizadores proeminentes dos anos 1980 aos quais deveria ser prestada
atenção e tornou-se imediatamente cult, além de objeto de influência para
muitas obras que vieram depois.
Entretanto, foi meio uma surpresa para o
público constatar que a continuação que Raimi realizou era um filme bastante
diferente do original –e, talvez por isso, ganhou aqui no Brasil a alcunha “Uma
Noite Alucinante” no lugar de “A Morte do Demônio”.
O ponto de partida, para falar verdade, não
muda coisa alguma: Ash, o personagem sobrevivente do filme anterior (e desta
vez, interpretado com ênfase no sarcasmo por Bruce Campbell) retorna à mesma cabana assombrada do filme anterior acompanhado apenas da
namorada. E lá, obviamente, as aparições demoníacas, possessões e fenômenos
fantasmagóricos voltarão a acontecer.
Se o enredo que este filme retoma não muda em
coisa alguma, é o modo como Raimi aborda essa premissa –a rigor a mesma do
primeiro filme –que o diferencia daquele que aparentemente ele tenta continuar:
O diretor impõe uma auto-paródia flagrante nos desdobramentos do filme ostentando
um humor caustico que existia apenas em doses microscópicas no outro filme. Ao
mesmo tempo, ele não economiza no sangue e na violência, o quê dá as cenas
cômicas um estranhamento desconcertante e desigual (o gênero “terrir”, como
passou a ser conhecida a mescla de terror e comédia, era pouco comum na época):
Exemplo mais marcante disso é a cena em que Ash tem uma de suas mãos “possuída”
e se obriga a cortá-la (!), para em seguida travar uma tensa perseguição por
ela pela casa (!!) e depois substituí-la, em seu braço, por uma moto-serra
adaptada (!!!).
O estilo de Sam Raimi se
acentua, e por fim se consolida neste filme, onde ele leva a extremos sua
capacidade de ramificar de forma inacreditável uma trama: O desfecho, onde Ash
arremessa todas as assombrações e diabruras num buraco negro (assim como a si
mesmo!) é um gancho nítido e incontornável para a terceira parte que veio anos
depois, “Uma Noite Alucinante 3-O Exército das Sombras”, com uma imprevista e
desconcertante sacada de viagem no tempo: Uma prova de que, num filme orientado
pela mente de Sam Raimi, tudo pode acontecer.
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