Mais que uma mera adição em forma de longa-metragem à bem-sucedida série de animação (algo relativamente comum para a época), "Transformers: O Filme", lançado em 1986, foi uma obra que marcou o fim de uma era e o início de outra, dentro da franquia, representando a um só tempo uma transição narrativa e uma espécie de reformulação comercial, não sendo um simples complemento à série de animação, mas um esforço em modificar a mitologia dos Transformers, elevando-a em termos épicos e dramáticos.
Sem sombra de dúvidas influenciada por
interesses comerciais da Hasbro, a fabricante dos brinquedos Transformers, a
ideia por trás do longa-metragem animado era sacrificar personagens antigos e,
no processo, introduzir novos protagonistas, o que abriria espaço para o
lançamento uma nova linha de brinquedos. Uma decisão que não deixou de gerar
controvérsias, afinal muitos personagens queridos pelos fãs foram descartados,
alguns de forma bastante brusca. Contudo, nada foi mais impactante e traumático
para os fãs do que a morte de Optimus Prime (evento referenciado de maneira
porca por Michael Bay em “Transformers-A Vingança dos Derrotados”). Para muitos
fãs que conferiram o longa animado na época, a morte de Optimus Prime foi
devastadora e, por mais que esse gesto dos realizadores sinalizasse com
representações notáveis de sacrifício, legado e renovação, a reprovação do
público foi intensa, a ponto da Hasbro ser inundada por cartas de fãs
indignados, o que acabou resultando numa eventual ressurreição de Optimus Prime
nas temporadas subsequentes da série de TV.
Ambientada no futuro de 2005 (lembre-se, o
filme é de 1986!), a trama já se destacava por ser mais lúgubre e violenta do
que a série de animação que lhe havia originado ao colocar os honrados Autobots
diante de uma situação desesperadora: O auge da interminável guerra contra os
perversos Decepticons, culminando –ainda nos trinta minutos iniciais –na
fatídica invasão dos Decepticons à maior base Autobot da Terra. É já nesse
prólogo, que “Transformers-O Filme” vai deixando claro para sua atônita plateia
à que veio: Muitos personagens não são poupados (como Ironhide, Ratchet e
Starscream) e a icônica batalha final entre Optimus Prime e seu nêmesis
Megatron deixa ambos completamente em frangalhos. Na sequência, Optimus
sacrifica-se (deixando a ‘fita-matriz’, um dispositivo que fazia dele o líder
natural dos Autobots, para os sobreviventes) enquanto Megatron é arremessado,
moribundo, no espaço sideral pelos insatisfeitos Decepticons remanescentes.
Vários núcleos de personagens se desdobram a partir daí, com todos tentando, de
uma maneira ou de outra, voltar ao seu planeta Cybertron. No entanto, o pior
ainda está por vir: O embate contra o poderoso Unicron (dublado por Orson
Welles, em sua última atuação no cinema), um planeta tecno-orgânico capaz de
destruir mundos inteiros –mote utilizado por Michael Bay, por sua vez, no
equivocado “Transformers-O Último Cavaleiro”.
Revelando-se, a partir de um determinado ponto
em diante, o grande vilão deste longa-metragem, Unicron usa de seus vastos
recursos tecnológicos para transformar o quase desfalecido Megatron em Galvatron,
conferindo-lhe um novo corpo e um novo exército, selando com ele um pacto para
subjugar toda Cybertron.
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