Produzido por Steven Spielberg, o primeiro “Transformers”, quando aportou nas salas de cinema no ano de 2007, revelou-se um belo achado: Descobrimos que o estilo bombasticamente sinético de Michael Bay poderia se encaixar com certa propriedade num produto oriundo da cultura pop dos anos 1980; descobrimos o promissor potencial (depois de um tempo não consumado) do jovem protagonista Shia LaBeouf, além da formosura de Megan Fox. Também descobrimos as vastas possibilidades na área do entretenimento que poderia nos oferecer a arrojada combinação entre robôs gigantes e efeitos visuais de ponta. Um sucesso absoluto.
E como costuma ocorrer com sucessos absolutos,
a continuação foi quase um reflexo espontâneo. O problema: Apesar das
honoráveis exceções de “O Poderoso Chefão Parte II”, “O Império Contra-Ataca” e
alguns outros, Hollywood pouco aprendeu sobre a fina arte de realizar
continuações tão boas quanto seus originais. E não haveria de ser o ansioso,
truculento e afoito cinema de Michael Bay que possuiria bom senso o bastante
para dar uma pausa, observar tudo o que funcionou no primeiro filme (que seriam
o carisma de alguns personagens e o apelo dos imensos robôs que viravam carros,
combinados num roteiro profundamente referencial às aventuras dos anos 1980) e
replicá-lo com critério, parcimônia e elegância no segundo. Em vez disso,
Michael Bay –provavelmente agraciado com muito mais liberdade criativa aqui
–potencializou tudo o que havia no filme anterior, tornando-o maior, mais
longo, mais intenso e mais frenético, beirando assim o insuportável. As
piadinhas (em especial, aquelas partidas de Sam, personagem de LaBeouf) se eram
pontuais, espontâneas e genuinamente divertidas antes, se multiplicaram de
forma a logo cansarem, tal é a frequência com que saem insistentemente (e agora
sem tanta espontaneidade) da boca do protagonista (e, aqui neste caso, dos coadjuvantes
também); os efeitos visuais flertando com o revolucionário, se representavam os
maiores chamarizes daquela produção (similar ao que “Jurassic Park” fizera
pouco mais de uma década antes), agora predominavam de tal maneira em cena (e
com tamanha ausência de cuidado ao serem inseridos em qualquer contexto) que
logo enjoavam, devido a profusão com que robôs de todas as cores, todos os
formatos e tamanhos (até mesmo uns nanicos colocados na trama sem a menor
relevância!) apareciam na tela.
Em sua trama pouco inspirada, também “A
Vingança do Derrotados” se mostrava uma espécie de equívoco: Disposto talvez a
não arriscar, os roteiristas Ehren Kruger, Roberto Orci e Alex Kurtzman
trilhavam todos os segmentos narrativos do filme anterior, revisitando-os, e
acrescentando adendos situacionais que não somavam em absolutamente nada ao
enredo. É dessa maneira que o outrora perdedor, Sam Witwick, agora namorando a
espetacular Micaela (Megan Fox) ingressa na faculdade para tristeza de seu
melhor amigo, o autobot Bumblebee –e todas as piadas já recauchutadas do
primeiro filme onde Bumblebee não consegue falar e usa das músicas do rádio para
se comunicar são repetidas aqui, como se fossem novidade (!); também a questão
um tanto estranha de um jovem adulto não se empolgar com a presença de um robô
alienígena e nem de um sex-simbol
ambulante como Micaela em sua vida é bastante forçada (tanto que esses
elementos serão revistos e contrariados no filme seguinte, mas aí é outra
história...). Em meio ao processo de
adequação à faculdade de sempre (mostrado com todos os clichés
possíveis, incluindo os valentões da vez), Sam segue demonstrando mais
interesse no tédio da vida estudantil acadêmica do que nas circunstâncias
assombrosas com as quais se deparou no primeiro filme, até que os perversos
Decepticons retornam com um plano de trazer seu líder, Megatron, de volta à
vida. O que, em resumo, leva ao caos barulhento e visual que costuma acometer
os filmes de Michael Bay –e que ele considera cenas de ação –atingindo seu
clímax numa sequência em plenas Pirâmides do Egito.
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