sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Transformers

Diretor cuja carreira é indissociavelmente atrelada aos filmes de ação (e dos mais descerebrados possíveis!), Michael Bay ganhou uma franquia à qual relacionar seu nome quando aceitou o convite do produtor Steven Spielberg para comandar a primeira adaptação cinematográfica dos famosos brinquedos de Hasbro (e que renderam uma bem-sucedida série de desenhos animados a partir dos anos 1980): Transformers, os robôs que viravam carros.
Spielberg demonstrou, com essa escolha, apurado faro mercadológico; ele percebeu que Bay, com seu estilo de filmar a ação, obcecado com o visual publicitário, daria a roupagem adequada ao filme –de fato, a maneira com que o diretor consegue fetichizar as máquinas já é meio caminho andado, dando aos robôs gigantes uma identificação humana que os formidáveis efeitos visuais só tratam de potencializar.
Ainda assim, o fio narrativo de Bay, por mais frágil que seja, necessita de uma contraparte humana de fato, que vem a ser Sam Witchwyck (personagem que Shia LaBeouf interpretada com improviso desesperado), um adolescente com uma única coisa em mente: Convencer seu pai a lhe comprar um carro e obter meios para assim impressionar a garota mais bela da escola, Michaela (a espetacular Megan Fox).
O carro em questão, porém, não é bem um carro: Trata-se de um robô alienígena (!), Bublebee, vindo do planeta Cybertron, consumido por uma guerra intergaláctica entre os honrados Autobots (dos quais Bublebee faz parte, assim como seu líder, Optimus Prime, e seus demais companheiros) e os perversos Decepticons (liderados pelo cruel Megatron). As duas facções de robôs gigantes trazem sua guerra para a Terra à procura de um artefato denominado “Allspark”, um cubo dotado do poder de atribuir vida às máquinas –ou algo assim...
E o quê um mero adolescente americano com hormônios em fúria tem a ver com um conflito que ameaça todo o planeta? Como é habitual aos filmes de Bay, tais amarras menos relevantes (!) o filme trata de realizar da forma mais rudimentar possível (e esse é o mesmo tratamento dado à dezena de outros personagens que surgem de forma um pouco aleatória na trama); o que interessa ao seu diretor é a ação ininterrupta –cujo elevado volume suplanta qualquer atenção à história, às motivações ou à dramaturgia –as imagens exuberantes captadas em filtros de câmera estilosos e, no caso deste filme em especial, prestar homenagem ao seu produtor, Spielberg, por meio de uma série de pequenas referências: A relação de amizade entre Sam e Bublebee remete (ou, pelo menos tenta remeter) ao afeto entre Elliot e o alienígena em “E.T. O Extraterrestre”; o caminhão no qual Optimus Prime se transforma faz alusão ao modelo usado no suspense “Encurralado”; o diminuto decepticon que cria um tumulto à bordo do Força Aérea Um parece uma referência aos “Gremlins”; e assim por diante.
Tremendo sucesso de bilheteria, “Transformers” foi o primeiro exemplar de uma franquia cujos títulos seguintes foram minguando no fato –óbvio desde o início –de que os filmes não tinham nada de novo a oferecer. Uma parcela do público, contudo, não se incomoda com isso, e a franquia “Transformers” goza de contínuas bilheterias rentáveis, apesar de contínua também ser sua queda de qualidade.

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