Embora tenha sido um de seus maiores êxitos, o
clássico “Superman-O Filme”, de Richard Donner, representou para a Warner Bros.
um de seus maiores desafios. Como realizar um novo “Superman” e submeter-se à
comparação com obra tão memorável? Como encontrar um ator que tivesse a mesma e
espetacular identificação com o icônico personagem que o inglês Christopher
Reeve?
Impossível, foi a resposta que essas perguntas
tiveram durante algumas décadas (e, na verdade, continua sendo a resposta para
a segunda pergunta...).
Mas, em meados de 2006, quando a febre de
adaptações de histórias em quadrinhos para o cinema começava a se consolidar
com sucessos freqüentes (já haviam sido lançados os dois primeiros e ótimos
filmes dos “X-Men”, dirigidos por Bryan Singer, os dois primeiros filmes do
“Homem-Aranha”, por Sam Raimi, e o incompreendido “Hulk”, de Ang Lee), o
estúdio se dispôs a tentar. Para a missão foi chamado Bryan Singer, que em
“X-Men” demonstrou um surpreendente talento para remodelar conceitos dos
quadrinhos em elegantes embalagens cinematográficas (para substituí-lo na
direção do terceiro “X-Men” foi chamado Brett Ratner, mas essa é outra
história...).
Singer nutria uma devoção pelo filme original
de Donner e enxergava o projeto com um sentimento algo romântico: Para ele, só
funcionaria, se a trama levasse em consideração as histórias contadas nos dois
primeiros (e genuinamente bons) filmes, onde conhecíamos a origem do herói, seu
relacionamento com a repórter Lois Lane e seu antagonismo com Lex Luthor (no
primeiro), além do embate espetacular contra três kriptonianos em plena
Metrópolis (no segundo).
É a partir daí que Singer insere seu novo filme
(que contava, inclusive, com a partitura e a mesma trilha sonora clássica
empregada por John Williams, refeita desta vez por seu colaborador John Ottman),
mostrando um mundo do qual o maior herói da humanidade (Brandon Routh,
escolhido devido à uma indisfarçável semelhança física com Christopher Reeve)
ausentou-se por alguns anos –motivado pela esperança, reacendida provavelmente
nos acontecimentos do segundo filme, de que poderia voltar para os destroços de
seu planeta natal Kripton, e encontrar sobreviventes.
Entretanto, Superman –ou Kal El, ou Clark Kent,
como queira... –retorna só para descobrir que o mundo que o acolheu aprendeu a
viver sem ele: Lois Lane (a estressada Kate Bosworth vivendo uma personagem
mais bela, porém, menos graciosa que Margot Kidder), seu grande amor agora é
mãe de um garotinho e possui um noivo, Richard (James Marsden), e Lex Luthor
(Kevin Spacey substituindo Gene Hackman com empenho) saiu da prisão, além de
herdar uma fortuna de milhões, e nutre planos megalomaníacos para enriquecer às
custas das possíveis mortes de milhões.
Agora, o homem de aço precisa reencontrar seu
lugar nessa nova humanidade e provar para os outros e para si próprio que é o
maior herói de todos os tempos.
Talvez, fosse o tom excessivamente reverente do
filme, ou a condução de Singer que valorizava cenas de suspense e expectativa
em demasia –o quê quase lhe fez atingir as três horas de duração! –mas,
“Superman-O Retorno” não encontrou seu público, amargando a indiferença do
público e a incompreensão da crítica.
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