A Granja do Solar é o nome de uma fazenda onde
seus animais espumam de indignação. Sr. Jones o fazendeiro é um bêbado relapso
–suas ressacas freqüentemente o levam a esquecer de tratar dos animais –e essa
atitude é especialmente visível aos olhos de todos.
É Major, o envelhecido porco premiado quem
acende o estopim da mudança ao reunir todos os animais no celeiro.
“Todos os animais são iguais” afirma ele
enquanto enfatiza o antagonismo do homem que os destrata e os explora. Ele
almeja uma revolução para, depois dela, a Granja do Solar se transformar numa
espécie de utopia: Um lugar onde a vida será melhor para todos.
Major morre logo ali –na primeira das cenas que
indicam um teor bastante adulto, amargo e desolador desta animação –mas, suas
palavras já insuflaram a fauna do lugar o suficiente para que algo seja feito.
A revolução acontece e os animais, ao insurgirem, conseguem expulsar o
fazendeiro. O caminho em direção à utopia mencionada por Major é tateado aos
poucos: Os animais começam a trabalhar em conjunto, satisfeitos em serem seus
próprios líderes, e uma série de normas inicialmente simples e igualitárias é
criada.
Nem todos, contudo, possuem essa clareza de
intenções. Napoleão, o porco malhado –e de aspecto imediatamente maquiavélico
–dá aos seus próprios planos um curso diferente. Ele passa a cuidar da dúzia de
filhotes deixados pelos cachorros que morreram no confronto com o fazendeiro.
Com o passar dos anos, os filhotes se tornam cães obedientes e ferozes, um
recurso de defesa que os porcos logo instauram na Granja do Solar.
As regras são distorcidas aos poucos (“Todos os
animais são iguais. Mas, alguns são mais iguais do que os outros”) e os porcos,
que assumem declaradamente a segurança de todos passam a usar isso como massa
de manobra: Usam da opressão para se colocar no topo da hierarquia, ocupam a
casa do fazendeiro e pedem em troca a contribuição dos outros animais –ovos das
galinhas (que são caladas por enxergar nisso aquilo que o falecido Major
repudiava), trabalho praticamente escravo do cavalo Sansão e do burro Benjamin.
Somente quando já é relativamente tarde demais,
é que os animais percebem que trocaram um ditador (o fazendeiro) por outro
(Napoleão e os porcos), embora esta animação dirigida pelo casal Joy Batchelor
e John Halas traga um epílogo de alento, diferente da estarrecedora obra de
denúncia de George Orwell na qual se inspira: No minuto final, os animais se
revoltam uma vez mais contra os opressores.
Apesar disso, esta obra
sombria e corrosivamente satírica continua sendo uma das mais poderosas
alternativas dos anos 1950 ao estilo predominante da Disney, na analogia cruel
e implacável que ela faz à ameaça sempre presente do autoritarismo em geral, e
à traição dos ideais da Revolução Russa em particular.
Nenhum comentário:
Postar um comentário