Muitos mestres já mostraram que a psicopatia é
tão mais assustadora e alarmante quando se manifesta dentro de nossos lares.
Hoje pode parecer lugar comum, mas em 1985 era
um tanto inesperada a ideia de que uma psicopata pudesse ser a própria amante
–e com um conceito assim tão simples (porém, realizado com brilhantismo), o
filme do inglês Adrian Lyne se colocou entre os clássicos do período.
Dan Gallagher (Michael Douglas, um ator que
espertamente se envolve em projetos de saudável ousadia) é um homem bem casado
com uma esposa bela e carinhosa (Anne Archer) e pai de uma garotinha. A
estabilidade familiar não parece ser pretexto para que, quando se vê sozinho em
casa num fim de semana, ele deixe de flertar com Alex Forrest (Glenn Close,
espetacular) que ele conhece casualmente numa caminhada no parque.
O adultério se consuma, mesmo que diante das
afirmações sensatas da parte de ambos de que tudo não passa de um caso. Tudo
muda, porém, quando Alex engravida: Dan passa a ser perseguido por ela, que o
acua física e psicologicamente –famosa é a cena em que ela entra
inadvertidamente na casa dele e mata um inocente coelhinho e água fervente.
A situação se agrava conforme Alex vai se revelando
cada vez mais psicótica; e nesse sentido, a atuação de Glenn Close é de um
crescendo extraordinário em suas sutilezas.
Marcante pela forma como expôs o adultério e o
encapsulou dentro do próprio gênero de suspense, “Atração Fatal” inovou, em sua
época, pelo estilo sério mesclado a um visual publicitário oriundo da formação
do diretor Lyne (que dava à aflição um viés inusitadamente sexy) e por agregar
ao seu desfecho as sugestões e expectativas do público –foi uma das primeiras
produções que, baseada em sessões-testes, modificou o próprio final do roteiro
(no qual a amante terminava se suicidando) para corresponder aos seus
expectadores.
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