segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Os Matadores

O competente diretor Beto Brant é um produto da Retomada do Cinema Brasileiro: Especializou-se em curtas-metragens e alguns videoclips (como “Será Que É Disso Que Eu Necessito”, da banda Titãs) para então estrear em longas-metragens com este “Os Matadores”, em 1997.
Apesar de todas as restrições que assolavam a produção cinematográfica nacional da época (e que aqui se refletem numa ausência sintomática de espontaneidade e num desenlace final pouco satisfatório), o projeto de Brant já chega de pronto com uma inovação: Os meandros detalhados da vida de matadores de aluguel sediados nas regiões fronteiriças entre o Brasil e o Paraguai.
É num desses lugarejos desolados que aguardam o novato Toninho (Murilo Benício) e o veterano Alfredão (Wolney de Assis). Sua missão é dar cabo de um dos poderosos da região que infligiu o código de honra entre os mafiosos locais ao roubar dinheiro de outrem.
A tensão da espera é amenizada com as conversas entre os dois, nas quais, Alfredão relembra ocasiões de seu passado a fim de testar os nervos de Toninho e amedronta-lo: Ele recorda do melhor assassino de aluguel com quem já chegou a trabalhar, o paraguaio Múcio (o sempre brilhante Chico Diaz).
E a história de Múcio passa então a ser a história do filme.
De quebra, a bela atriz Maria Padilha –a sedutora Helena –sempre vista em papéis recatados e comportados nas novelas de TV, tem aqui a oportunidade de ousar numa personagem sensual e exuberante com direito até a cenas de nudez!
Construindo uma narrativa charmosa, feita de idas e vindas no tempo cheias de intrigante envolvimento, o diretor Beto Brant afasta-se da cinematografia regional para emoldurar esta trama sobre códigos de valores em um universo sem ética nem heróis em um sedutor viés de filme de gangster –e a sucessão elaborada de flashbacks são assim uma alusão algo reverente à “Era Uma Vez Na América”, de Sergio Leone.

Nenhum comentário:

Postar um comentário