O competente diretor Beto Brant é um produto da
Retomada do Cinema Brasileiro: Especializou-se em curtas-metragens e alguns
videoclips (como “Será Que É Disso Que Eu Necessito”, da banda Titãs) para
então estrear em longas-metragens com este “Os Matadores”, em 1997.
Apesar de todas as restrições que assolavam a
produção cinematográfica nacional da época (e que aqui se refletem numa
ausência sintomática de espontaneidade e num desenlace final pouco
satisfatório), o projeto de Brant já chega de pronto com uma inovação: Os
meandros detalhados da vida de matadores de aluguel sediados nas regiões
fronteiriças entre o Brasil e o Paraguai.
É num desses lugarejos desolados que aguardam o
novato Toninho (Murilo Benício) e o veterano Alfredão (Wolney de Assis). Sua
missão é dar cabo de um dos poderosos da região que infligiu o código de honra
entre os mafiosos locais ao roubar dinheiro de outrem.
A tensão da espera é amenizada com as conversas
entre os dois, nas quais, Alfredão relembra ocasiões de seu passado a fim de
testar os nervos de Toninho e amedronta-lo: Ele recorda do melhor assassino de
aluguel com quem já chegou a trabalhar, o paraguaio Múcio (o sempre brilhante
Chico Diaz).
E a história de Múcio passa então a ser a
história do filme.
De quebra, a bela atriz Maria Padilha –a
sedutora Helena –sempre vista em papéis recatados e comportados nas novelas de
TV, tem aqui a oportunidade de ousar numa personagem sensual e exuberante com
direito até a cenas de nudez!
Construindo uma narrativa
charmosa, feita de idas e vindas no tempo cheias de intrigante envolvimento, o
diretor Beto Brant afasta-se da cinematografia regional para emoldurar esta
trama sobre códigos de valores em um universo sem ética nem heróis em um
sedutor viés de filme de gangster –e a sucessão elaborada de flashbacks são
assim uma alusão algo reverente à “Era Uma Vez Na América”, de Sergio Leone.
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