Há uma justificativa plena para o título
original, “The Wall”: Trata-se do cenário básico durante o qual todo este árido
suspense de guerra irá se passar.
Diretor de “A Identidade Bourne”, o primeiro
filme da série, Doug Liman nunca chegou a usufruir do reconhecimento de público
e, sobretudo, de crítica experimentado por Paul Greengrass –diretor, por sua
vez, das sequências, “A Supremacia Bourne” e “O Ultimato Bourne”.
Em comum, os dois diretores sempre tiveram uma
disposição para retratar as condições sócio-políticas mundiais num prisma
comercial de arrojadas obras de ação. Doug Liman, porém, diversificava a ponto
de alguns de seus detratores duvidarem se ele tinha um estilo de fato ou se
navegava a esmo em meio à gêneros que lhe caiam no colo.
Em “Na Mira do Atirador”, ele se mostra
obcecado com realismo, evocando em seu filme uma situação-limite, não raro,
centralizada num só personagem, que remete à “127 Horas”, de Danny Boyle, e
“Enterrado Vivo”, de Rodrigo Garcia.
Há também ecos de “Guerra Ao Terror”, de
Kathryn Bigelow, visto que esta obra também se ambienta na incursão
norte-americana no Oriente Médio –as condições sócio-políticas mencionadas
acima.
Isaac (Aaron Taylor Johnson) e Matthews (John
Cena) são dois franco-atiradores do Exército Norte-Americano. Eles estão
inspecionando, à cautelosa distância, o palco de uma chacina: Vários soldados
foram mortos à tiros em céu aberto.
Por horas a fio eles observam o cenário.
Vencido pela impaciência, Matthews decide averiguar mais de perto.
Será este o seu erro.
Alvejado, ele é seguido de Isaac que vem em seu
socorro –e toma, também ele, um tiro; no joelho. Mal podendo se arrastar, com o
companheiro agonizando em campo aberto, o rádio quase inoperante e sem maiores
palpites de qual pode ser a localização do atirador, Isaac rasteja até um muro
caindo aos pedaços –restos mortais de uma construção que antes fora uma escola.
E ali ele espera.
Espera por um possível erro de seu adversário
(esse erro não vem, o atirador se revela formidável); por uma improvável chance
de resgate (tais chances estão contra ele, além disso, o único com quem
consegue comunicação via rádio é com o próprio atirador); ou por algum golpe de
sorte que lhe permita escapar daquela enrascada (momentos que até surgem, aqui
ou ali, explorados em minúcias espartanas pelo roteiro de Dwain Worrell, mas
cujos desenlaces desafortunados só acabam enfatizando o drama).
Muito mais psicológico do
que eletrizante –embora, por isso mesmo, sua tensão atinja níveis
estratosféricos –“Na Mira do Atirador” revela a competência do ator Aaron
Taylor Johnson e a versatilidade do diretor Doug Liman, os dois pilares sólidos
sob os quais este contundente suspense se constrói.
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