Este é um filme que padece de certos reflexos
condicionados do cinema brasileiro realizado pela geração imediatamente
anterior de realizadores: A pornochanchada.
Não é um filme oriundo desse nicho –até porque,
na época de sua realização, 1999, esse subgênero já não existia mais, e o
cinema brasileiro vivia sua fase da retomada –mas, percebe-se uma constante influência
nele em sua condição, ora inspirando, ora renegando suas características.
É algo contraditório.
A trama –ambientada no sul do país, e por isso
mesmo, já digna de curiosidade –ao mesmo tempo em que parece fazer alusão a um
certo ângulo do film noir, e também carregar na presença da femme fatale, por
conseguinte acaba tornando o sexo um elemento-chave em sua premissa.
Casal de tendências liberais formado por uma
advogada envolvida num processo criminal e um web designer especialista,
sobretudo, em adulterar fotos de mulheres nuas, conhece a melhor amiga de sua
filha durante uma viagem a uma casa de campo.
A jovem, insinuante, enreda o marido num jogo
de sedução cujas conseqüências desandam para infrações ainda mais perigosas do
que a traição por assim dizer –como o crime.
As características de
pornochanchada surgem aí, quando a direção e o roteiro convergem, inevitáveis,
para cenas de adultério e apelo malicioso, incitando situações que levam a
nudez de suas atrizes, mas é também quando o filme sofre de uma espécie de
crise de consciência: O diretor Carlos Gerbase não adere totalmente à
referência à esse estilo e isso se reflete em uma claudicante timidez que
engessa a naturalidade das cenas –uma pena pois ele tinha à sua disposição a
beleza e a exuberância de Maitê Proença, no importante papel da esposa do
personagem de Roberto Bomtempo, o protagonista; ao menos, há uma cena, à beira
de uma cachoeira, onde somos brevemente brindados com sua formosura.
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