Intensidade parece ser a palavra de ordem no
cinema do diretor Peter Berg.
Também ele um ator (participou do elogiado “O
Poder da Sedução”, de John Dahl, nos anos 1990), Berg chamou a atenção como
realizador em “Bem-Vindo À Selva”, com The Rock, depois com o suspense
investigativo de ação “O Reino” e com um quase filme de super-herói “Hancock”,
estrelado por Will Smith, demonstrando notável controle sobre ritmo e clima e,
não raro, valendo-se disso para a concepção de filmes comerciais contundentes,
carregados de som e fúria.
Na seqüência vieram a catastrófica ficção “Battleship-A
Batalha dos Mares”, e o ótimo filme de guerra “O Grande Herói”, com Mark
Wahlberg, com quem voltou a se reunir aqui.
O imenso fiasco nas bilheterias de “Battleship”
fez Peter Berg notar o quão escorregadios poderiam ser os projetos amparados em
um elemento pop (no caso, adaptado do conceito de um jogo da Hasbro) e ainda
escorados num gênero de fantasia.
Com “O Grande Herói” e este “Horizonte Profundo”,
ele se manteve fiel aos seus posicionamentos estéticos, sem abrir mão da
realidade –mas, certamente, continua interessado em explorar as possibilidades
dos efeitos visuais de última geração.
A narrativa, criteriosa, começa acompanhando a
rotina doméstica de Mike Willians (Mark Wahlberg) ao lado de sua esposa (Kate
Hudson). Tudo parece normal naquele 20 de abril de 2010 quando ele, um operário
da empresa Deepwater Horizon, se prepara para mais uma escala de vinte e tantos
dias em alto-mar numa plataforma de petróleo no Golfo do México.
Outros personagens são mostrados, o chefe de
segurança, Sr. James (Kurt Russell), a jovem funcionária da torre de comando
(Gina Rodriguez), o mandatário de escritório, Sr. Vidrine (John Malkovich),
alguns outros empregados e pessoas a bordo da plataforma –um total de cento e
vinte e seis pessoas embarcadas.
Todos os atores, de um modo geral, correspondem
somente com suas impressões básicas (e as impressões que o pública previamente
tem sobre eles) para os personagens que interpretam. Leia-se: Kurt Russell faz
o veterano mentor, uma versão mais madura do próprio protagonista estóico
(papel também comum à Wahlberg), e é claro que, com sua fleuma habitual,
Malkovich fará o mais próximo que a trama possui de um antagonista, o responsável
pelas atitudes mais negligentes que detonarão a tragédia.
Peter Berg leva o expectador em baixa voltagem
durante essa primeira parte, ávido em demonstrar um controle narrativo que ele
até certo ponto realmente tem.
Seu estilo de exuberante técnica sobre um raso
conteúdo quase lembra o de Michael Bay em “13 Horas-Os Soldados Secretos de
Benghazi”, não fosse Berg bem mais feliz ao obter resultados de seu elenco.
É claro que será o acidente espetacular (e
espetacularmente filmado) que irá, na progressivamente tensa e aflitiva segunda
metade do filme, mostrar à que ele de fato veio.
A equipe de efeitos visuais faz, pelo filme, o
que todo o roteiro e o elenco, em geral, mal tiveram a chance de fazer: Entrega
o produto pulsante e arrebatador que se esperava.
É válido enquanto denúncia
e enquanto entretenimento, mas sua capacidade de ficar na memória deve durar
somente até o próximo filme-catástrofe.
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