terça-feira, 4 de abril de 2017

Piratas do Caribe - Navegando Em Águas Misteriosas

Embora os três primeiros “Piratas do Caribe” –todos eles dirigidos por Gore Verbinski –fossem uma trilogia fechada em termos de temática e narrativa, todos sabiam que era questão de tempo até a franquia ser retomada.
O quê era motivo de preocupação, ao mesmo tempo de que empolgação, era que seria certamente sob uma nova direção: Gore Verbinski, assim como o elenco original em sua quase totalidade, não retornaria. Em seu lugar foi chamado Rob Marshall, uma escolha intrigante –ele havia dirigido o musical vencedor do Oscar, “Chicago”, além dos não tão excelentes “Memórias de Uma Gueixa” e “Nine”.
Talvez fosse uma certa perícia técnica demonstrada por Marshall, além da intenção dos produtores em chamar um realizador que trouxesse um viés de frescor e ineditismo à franquia (de onde quer que venha) que o levou a ser escolhido para este novo “Piratas do Caribe”.
Na verdade, salvo o visual requintado –cortesia do orçamento milionário dos estúdios Disney –o estilo característico capa & espada carregado de humor e aventura, além dos personagens de Johnny Depp (o já emblemático Capitão Jack Sparrow), de Geoffrey Rush (Barbosa, um pouco diferente, por sua vez, da caracterização vista nos outros filmes) e do pirata Gibbs (Kevin McNally) não há muito, nesta produção, que a ligue com os filmes anteriores.
Nela, o pirata Jack Sparrow, uma vez mais destituído de seu posto de capitão pelo traiçoeiro Barbosa (como visto ao fim de "Piratas do Caribe-No Fim do Mundo"), encontra-se agora na Inglaterra, onde cai no meio de vários interesses cruzados; da Espanha; de piratas que se acotovelam nas docas, muitos orientados pelo sinistro Barba Negra (Ian McShane); e de seu velho inimigo Barbosa, agora a serviço da coroa inglesa e com contas a acertar com o próprio Barba Negra.
Todos buscam a localização da fonte da juventude.
Com o objetivo muitas vezes de salvar a própria pele, Sparrow junta-se à tripulação de Barba Negra, comandada pela bela e impetuosa Angélica (a linda espanhola Penélope Cruz, compondo uma mocinha infinitamente mais interessante que a de Keira Knightley), um antigo e tempestuoso romance na vida de Jack.
Calibrado e pensado até a exaustão para ser um típico sucesso de bilheteria, este “Navegando Em Águas Misteriosas” padece de uma série de males, a maioria deles relacionados à pressão de ser o quarto filme de uma franquia de rentabilidade milionária: Quer ser tão arrojado e divertido quando os anteriores, mas quer também ser desenvolto o bastante para evitar suas falhas. Tal postura engessa o filme, uma vez que tanto planejamento não reserva espaço ao improviso e à espontaneidade –e todos sabem que foi quase por acaso que Johnny Depp teve a inspiração para moldar Jack Sparrow, o personagem que guiou praticamente sozinho esses filmes ao sucesso!
Também o diretor Marshall, já no começo da produção, deixa notar a pressão que ele sente ao tentar, pelo menos, igualar o bom trabalho de Verbinski (ótimo no primeiro filme, interessante no segundo, razoável no terceiro), e sua narrativa estranhamente pesa parecendo preocupada em não demonstrar preocupação.

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