Embora os três primeiros “Piratas do Caribe”
–todos eles dirigidos por Gore Verbinski –fossem uma trilogia fechada em termos
de temática e narrativa, todos sabiam que era questão de tempo até a franquia
ser retomada.
O quê era motivo de preocupação, ao mesmo tempo
de que empolgação, era que seria certamente sob uma nova direção: Gore
Verbinski, assim como o elenco original em sua quase totalidade, não
retornaria. Em seu lugar foi chamado Rob Marshall, uma escolha intrigante –ele
havia dirigido o musical vencedor do Oscar, “Chicago”, além dos não tão
excelentes “Memórias de Uma Gueixa” e “Nine”.
Talvez fosse uma certa perícia técnica
demonstrada por Marshall, além da intenção dos produtores em chamar um
realizador que trouxesse um viés de frescor e ineditismo à franquia (de onde
quer que venha) que o levou a ser escolhido para este novo “Piratas do Caribe”.
Na verdade, salvo o visual requintado –cortesia
do orçamento milionário dos estúdios Disney –o estilo característico capa &
espada carregado de humor e aventura, além dos personagens de Johnny Depp (o já
emblemático Capitão Jack Sparrow), de Geoffrey Rush (Barbosa, um pouco
diferente, por sua vez, da caracterização vista nos outros filmes) e do pirata
Gibbs (Kevin McNally) não há muito, nesta produção, que a ligue com os filmes
anteriores.
Nela, o pirata Jack Sparrow, uma vez mais
destituído de seu posto de capitão pelo traiçoeiro Barbosa (como visto ao fim
de "Piratas do Caribe-No Fim do Mundo"), encontra-se agora na Inglaterra,
onde cai no meio de vários interesses cruzados; da Espanha; de piratas que se
acotovelam nas docas, muitos orientados pelo sinistro Barba Negra (Ian McShane);
e de seu velho inimigo Barbosa, agora a serviço da coroa inglesa e com contas a
acertar com o próprio Barba Negra.
Todos buscam a localização da fonte da
juventude.
Com o objetivo muitas vezes de salvar a própria
pele, Sparrow junta-se à tripulação de Barba Negra, comandada pela bela e
impetuosa Angélica (a linda espanhola Penélope Cruz, compondo uma mocinha
infinitamente mais interessante que a de Keira Knightley), um antigo e
tempestuoso romance na vida de Jack.
Calibrado e pensado até a exaustão para ser um
típico sucesso de bilheteria, este “Navegando Em Águas Misteriosas” padece de
uma série de males, a maioria deles relacionados à pressão de ser o quarto
filme de uma franquia de rentabilidade milionária: Quer ser tão arrojado e
divertido quando os anteriores, mas quer também ser desenvolto o bastante para
evitar suas falhas. Tal postura engessa o filme, uma vez que tanto planejamento
não reserva espaço ao improviso e à espontaneidade –e todos sabem que foi quase
por acaso que Johnny Depp teve a inspiração para moldar Jack Sparrow, o
personagem que guiou praticamente sozinho esses filmes ao sucesso!
Também o diretor Marshall,
já no começo da produção, deixa notar a pressão que ele sente ao tentar, pelo
menos, igualar o bom trabalho de Verbinski (ótimo no primeiro filme,
interessante no segundo, razoável no terceiro), e sua narrativa estranhamente
pesa parecendo preocupada em não demonstrar preocupação.
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