sábado, 24 de junho de 2017

Amizade Colorida

O terreno das comédias e dos romances –e sua miscelânea, as comédias românticas –têm particular interesse no registro dos relacionamentos modernos.
O cinema mais descontraído e comercial esbaldou-se, ao longo dos anos, com registros bem-humorados dessas transformações de comportamento –que o digam clássicos do gênero, como “Adivinhe Quem Vem Para Jantar”.
Atualmente, embora nossa sociedade apresente uma certa inércia em termos de mudanças comportamentais, ocorre uma ou outra característica que reflete o nosso tempo.
E, no que diz respeito, a tentar adaptar-se da melhor forma possível às complicações do sexo, o ser humano está sempre tentando.
A idéia do relacionamento aberto, sem vínculos de obrigação entre duas pessoas, mas sob o acordo de proporcionar prazer ao seu par sempre que requisitado, não é assim tão nova (na verdade, ela não é nem um pouco nova!), mas ela certamente adquiriu novos recursos e novos propósitos com o advento das mídias digitais, dos celulares e da velocidade da informação em si –que, acima de tudo, transformou essencialmente os relacionamentos.
É o ponto de partida deste filme que –sinal dos tempos –não foi o único, naquele ano, a tratar desse assunto; também a comédia “Sexo Sem Compromisso”, com Ashton Kutcher e Natalie Portman, abordou o mesmo assunto, porém, de maneira risível e sem talento.
Este revela-se um filme muito melhor.
Ambos desiludidos com suas histórias de amor recentes, uma caça-talentos nova-iorquina (MIla Kunis, linda e cativante) e um diretor de arte vindo de L.A. (o engraçado Justin Timberlake) fazem uma combinação: Usufruir juntos dos benefícios do sexo permanecendo os bons amigos que são. Aos trancos e barrancos, e com as ocasionais complicações, eles vão levando seu acordo da forma mais descompromissada possível, mas ainda sim, aos poucos, um relacionamento real começa a surgir.
Com essa premissa e um ímpeto de observação espirituoso e perspicaz acerca das relações modernas e dos hábitos singulares dos moradores de uma metrópole, o diretor de "A Mentira", Will Gluck, elabora uma obra com intenções mais amplas que o seu bom trabalho anterior, mas, entrega no final, um entretenimento afável e romântico muito beneficiado pelo esperto entrosamento de seu casal central.

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