Até onde se sabe, a primeira e única ficção
científica do cinema alardeadamente baseada em fatos reais.
Infelizmente, o conceito e a sugestão de “Fogo
No Céu” são muito mais atraentes do que o filme que disso originou-se. Trata-se
de um drama que parte de um evento misterioso e nebuloso ocorrido à um grupo de
amigos que, durante uma saída noturna, viram o que presumiram seu um disco
voador. Para tornar ainda mais estarrecedora sua experiência, um deles, Travis
(D.B. Sweeney, cuja cara de peixe morto até que é adequada ao personagem), meio
que sob efeito de algum transe, sai do carro e se aproxima do estranho objeto,
só para ser levado sem maiores indícios.
O quê aconteceu com ele? Essa é a dúvida da
qual o filme parece se valer para manter seu suspense –e em inúmeros momentos,
o emprego dessa premissa soa francamente vulgar.
Dias depois, Travis reaparece, a memória
fragmentada pelo incidente e o trauma –que parece bloquear até mesmo sua
capacidade de verbalizar qualquer coisa a respeito –é severo.
Em meio às observações mais usuais e mais
banais desse tipo de acontecimento, o filme entrega sua cena mais famosa (e,
para alguns, mais discutível): Um flashback, algo gratuito, onde Travis se vê
numa nave alienígena, à disposição forçada do sadismo cirúrgico dos
extraterrestres que impiedosamente submetem seu corpo à operações e
experimentos. Não há muito embasamento na cena, entretanto, lhe sobra
sensacionalismo na afirmação velada que ela faz do quê de fato ocorreu com
Travis –na vida real, ele, Travis Walton, é até hoje um dos maiores
palestristas do mundo da ufologia, e seu relato verdadeiro difere –em diversos
tópicos, para efeitos narrativos –daquilo que é mostrado no filme.
Talvez, o que a obra do diretor Robert
Lieberman faça seja, no fim das contas, algo inédito no cinema –mas, não com a
variedade de méritos que seus realizadores imaginam: Apropria-se de um fato
real nebuloso e vasto em lacunas a serem preenchidas, para torná-lo uma mistura
algo desajeitada de ficção científica sensacionalista (nos moldes daqueles
documentários apelativos do canal History!) e filme de terror.
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