Embora tenha sofrido diversas tentativas
constantes de reformulações no cinema ao longo das décadas desde que virou um
sucesso literário, o personagem Jack Ryan, do escritor Tom Clancy,
provavelmente não encontrou melhor tradução do que nesta produção conduzida
pelo especialista em filmes de ação, John McTiernam –se bem que, em 2002
tivemos “A Soma de Todos Os Medos”, com Ben Affleck, que é um filmaço, mas essa
história fica para outra hora...
Embora não tão eficiente quanto em seus dois
cultuadíssimos trabalhos dos anos 1980 (os fabulosos “Duro de Matar” e “O
Predador”), McTiernam soube imprimir ritmo, fôlego e tensão a esta primeira aventura
cinematográfica do jovem analista da CIA, aqui vivido por Alec Baldwin e
freqüentemente relegado à condição de coadjuvante do personagem mais imponente
do filme, o capitão russo Mark Ramius interpretado por Sean Connery com aquela
fleuma que os produtores de Hollywood tanto gostavam de ver nele.
Recrutado subitamente por James Greer (James
Earl Jones), diretor da CIA, o analista Jack Ryan tenta entender as intenções
nebulosas do capitão Ramius, que simplesmente fugiu de seu país junto de toda
sua tripulação, a bordo de um submarino que dizem, é a última palavra em
tecnologia bélica naval: o Outubro Vermelho.
Uma trama de espionagem possivelmente elaborada
mais para funcionar como livro do que como filme, a história oriunda das páginas
do best-seller de Tom Clancy perde um pouco da importância devido ao excesso de
verborragia e complicações políticas que remetem às circunstâncias da Guerra
Fria, tornando a obra rapidamente anacrônica para os dias de hoje.
Embora quase sempre à sombra de Sean Connery –e
isso é mais devido às imposições do roteiro que ao seu trabalho –Alec Baldwin
entrega uma atuação bastante satisfatória como Jack Ryan: Quando o estúdio
começou os planos para uma continuação, ele recusou voltar ao papel que foi
assumido assim por Harrison Ford –protagonizando assim “Jogos Patrióticos” e
“Perigo Real e Imediato” –anos mais tarde, eles reiniciaram Jack Ryan com “A
Soma de Todos Os Medos”, que acabou não ganhando qualquer seqüência, e em 2014
foi a vez de Kenneth Brannagh tentar um recomeço em “Operação Sombra-Jack
Ryan”, com Chris Pine.
Todos eles, como dito no
início deste texto, absolutamente inferiores a este “Caçada Ao Outubro
Vermelho” –com a honrosa exceção de “A Soma...” –talvez porque aqui, a despeito
da trama deliberadamente rocambolesca, o que conta mesmo, é o suspense, o senso
de urgência e o tenso embate naval orquestrado pelo diretor John McTiernam (o
clímax final, que acompanha duas seqüências simultâneas –a batalha do Outubro
Vermelho contra um submarino adversário e uma perseguição a um traidor dentro
do próprio submarino –é eletrizante) ainda que isso demore um pouco a engrenar.
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