terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Caçada Ao Outubro Vermelho

Embora tenha sofrido diversas tentativas constantes de reformulações no cinema ao longo das décadas desde que virou um sucesso literário, o personagem Jack Ryan, do escritor Tom Clancy, provavelmente não encontrou melhor tradução do que nesta produção conduzida pelo especialista em filmes de ação, John McTiernam –se bem que, em 2002 tivemos “A Soma de Todos Os Medos”, com Ben Affleck, que é um filmaço, mas essa história fica para outra hora...
Embora não tão eficiente quanto em seus dois cultuadíssimos trabalhos dos anos 1980 (os fabulosos “Duro de Matar” e “O Predador”), McTiernam soube imprimir ritmo, fôlego e tensão a esta primeira aventura cinematográfica do jovem analista da CIA, aqui vivido por Alec Baldwin e freqüentemente relegado à condição de coadjuvante do personagem mais imponente do filme, o capitão russo Mark Ramius interpretado por Sean Connery com aquela fleuma que os produtores de Hollywood tanto gostavam de ver nele.
Recrutado subitamente por James Greer (James Earl Jones), diretor da CIA, o analista Jack Ryan tenta entender as intenções nebulosas do capitão Ramius, que simplesmente fugiu de seu país junto de toda sua tripulação, a bordo de um submarino que dizem, é a última palavra em tecnologia bélica naval: o Outubro Vermelho.
Uma trama de espionagem possivelmente elaborada mais para funcionar como livro do que como filme, a história oriunda das páginas do best-seller de Tom Clancy perde um pouco da importância devido ao excesso de verborragia e complicações políticas que remetem às circunstâncias da Guerra Fria, tornando a obra rapidamente anacrônica para os dias de hoje.
Embora quase sempre à sombra de Sean Connery –e isso é mais devido às imposições do roteiro que ao seu trabalho –Alec Baldwin entrega uma atuação bastante satisfatória como Jack Ryan: Quando o estúdio começou os planos para uma continuação, ele recusou voltar ao papel que foi assumido assim por Harrison Ford –protagonizando assim “Jogos Patrióticos” e “Perigo Real e Imediato” –anos mais tarde, eles reiniciaram Jack Ryan com “A Soma de Todos Os Medos”, que acabou não ganhando qualquer seqüência, e em 2014 foi a vez de Kenneth Brannagh tentar um recomeço em “Operação Sombra-Jack Ryan”, com Chris Pine.
Todos eles, como dito no início deste texto, absolutamente inferiores a este “Caçada Ao Outubro Vermelho” –com a honrosa exceção de “A Soma...” –talvez porque aqui, a despeito da trama deliberadamente rocambolesca, o que conta mesmo, é o suspense, o senso de urgência e o tenso embate naval orquestrado pelo diretor John McTiernam (o clímax final, que acompanha duas seqüências simultâneas –a batalha do Outubro Vermelho contra um submarino adversário e uma perseguição a um traidor dentro do próprio submarino –é eletrizante) ainda que isso demore um pouco a engrenar.

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