A crítica teceu comparações entre este filme
autobiográfico e o ótimo “Capitão Fantástico”, entretanto, são as diferenças
entre os dois filmes que se mostram de fato gritantes, em especial, na empatia
que aquele filme obtém com o expectador graças ao trabalho primordial de Viggo
Mortensen.
Aqui, o pai e a mãe adeptos de uma existência
alternativa vividos por Woody Harrelson e Naomi Watts são eficientes em
conquistar a indignação e a injúria do expectador.
Quem termina salvando o filme é a maravilhosa
Brie Larson como a filha deles depois de adulta –em cuja personagem, inclusive,
repousam as características diferenciais do filme já que assim podemos observar
os valores opostos dos filhos de pessoas que escolhem esse meio de vida.
Os próprios Rex e Rose Mary Walls (Harrelson e
Naomi) não são exatamente pessoas alternativas; eles estão mais para sem noção
mesmo: Ela é artista (e na justificativa desprezível de sua arte, negligencia
os quatro filhos pequenos em casa); ele é daqueles filósofos de esquina que,
alcoólatra, comete mais erros que aqueles que quer discriminar; se recusam a
viver das obrigações e deveres da sociedade, mas usufruem de seu sistema como
parasitas; moram de cidade em cidade, às vezes impondo condições subumanas às
crianças para não ter de pagar contas a ninguém. Os filhos, Jeanette (Ella
Anderson), Brian (Charlie Shotwell), Lori (Sadie Sink, da segunda temporada de
“Stranger Things”) e Maureen (Shree Crooks) não tardam a notar isso, porém,
enquanto são pequenos nada podem fazer senão viver conforme o estilo de vida
caótico, itinerante e inconseqüente dos pais.
Paralelamente à essa sofrida infância, o filme
mostra Jeanette já na fase adulta (interpretada muito bem por Brie), vivendo em Nova York e com
casamento marcado.
Rex e Rose Mary seguiram seus filhos –que foram
todos morar e trabalhar na metrópole –e vivem como moradores de rua, desejosos
de voltar a fazer parte da vida dos filhos.
Baseado no livro de
memórias escrito por Jeanette Walls –cujo título, se refere à um projeto que
seu pai sonhou em construir, um castelo inteiramente constituído de vidro –este
filme dirigido por Destin Daniel Cretton (o mesmo de “Temporário 12” que
revelou Brie Larson) tem uma narrativa preguiçosa e unilateral, acomodando-se
em fazer dos personagens de Harrelson e Naomi os vilões da história, com as
ressalvas do final e de uma ou outra cena antes dele; é difícil não se indignar
com o comportamento irresponsável e avoado dos dois –e as coisas ficam piores
quando a narrativa se concentra no pai: Normalmente talentoso, Harrelson
entrega um personagem detestável, hipócrita, arrogante e apático o que
prejudica completamente o desenlace redentor de seu desfecho.
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