Embora seja Alan Parker o diretor do filme –e
ele cumpre essa função com o brilhantismo que se espera dele –nota-se hoje que
“O Expresso da Meia-Noite” já vinha envolto em estilo e temática que se
aproximavam muito mais de seu roteirista, o sempre inquieto e
incontornavelmente polêmico Oliver Stone (que conquistou o Oscar de Melhor
Roteiro por este trabalho).
Stone constrói a estrutura do filme com a
denúncia corrosiva, a consciência ultrajante das mazelas morais e a opção
documental de expor a sordidez ao público que definiu sua carreira quando ele
resolveu, a partir da década de 1980, assumir a função de diretor.
No filme, o tal ‘expresso da meia-noite’ é um
termo coloquial, quase uma gíria empregada pelos detentos quase indigentes da
inclemente prisão turca onde o jovem protagonista vai parar; ‘expresso da
meia-noite’ significa a fuga, a (tentativa de) escapatória do lugar, algo tão
improvável quanto o apelido que recebe.
Flagrado com uma quantia de haxixe, em
Amsterdã, no aeroporto de Stambul quando tentava embarcar de volta para os EUA,
Billy Hayes (Brad Davis, no papel mais marcante de sua carreira), de um simples
turista norte-americano se torna, com a acusação inafiançável, um prisioneiro condenado
a viver o intolerável inferno que é o sistema penitenciário turco de então.
Lá, as torturas atrozes e o tratamento sub-humano
desafiam a sanidade de seus encarcerados.
Os quatro anos de cativeiro experimentados por
Billy (bem como a degradação física e psicológica que tais revezes lhe
impuseram) são relatados com realismo e crueldade pela direção de Parker e pelo
roteiro de Stone com inquestionável vigor neste filme que marcou época por sua
crueza.
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