sexta-feira, 25 de maio de 2018

O Expresso da Meia-Noite


Embora seja Alan Parker o diretor do filme –e ele cumpre essa função com o brilhantismo que se espera dele –nota-se hoje que “O Expresso da Meia-Noite” já vinha envolto em estilo e temática que se aproximavam muito mais de seu roteirista, o sempre inquieto e incontornavelmente polêmico Oliver Stone (que conquistou o Oscar de Melhor Roteiro por este trabalho).
Stone constrói a estrutura do filme com a denúncia corrosiva, a consciência ultrajante das mazelas morais e a opção documental de expor a sordidez ao público que definiu sua carreira quando ele resolveu, a partir da década de 1980, assumir a função de diretor.
No filme, o tal ‘expresso da meia-noite’ é um termo coloquial, quase uma gíria empregada pelos detentos quase indigentes da inclemente prisão turca onde o jovem protagonista vai parar; ‘expresso da meia-noite’ significa a fuga, a (tentativa de) escapatória do lugar, algo tão improvável quanto o apelido que recebe.
Flagrado com uma quantia de haxixe, em Amsterdã, no aeroporto de Stambul quando tentava embarcar de volta para os EUA, Billy Hayes (Brad Davis, no papel mais marcante de sua carreira), de um simples turista norte-americano se torna, com a acusação inafiançável, um prisioneiro condenado a viver o intolerável inferno que é o sistema penitenciário turco de então.
Lá, as torturas atrozes e o tratamento sub-humano desafiam a sanidade de seus encarcerados.
Os quatro anos de cativeiro experimentados por Billy (bem como a degradação física e psicológica que tais revezes lhe impuseram) são relatados com realismo e crueldade pela direção de Parker e pelo roteiro de Stone com inquestionável vigor neste filme que marcou época por sua crueza.

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