terça-feira, 10 de julho de 2018

O Visitante


O filme de Tom McCarthy (diretor de “O Agente da Estação” e do premiado com o Oscar “Spotlight-Segredos Revelados”), tal e qual outros de seus trabalhos, se sustenta nas grandes atuações de Richard Jenkins e de Hiam Abbass –ele, indicado ao Oscar de Melhor Ator em 2008 –e é de uma profunda sensatez para com a narrativa e a história que ela quer contar essa decisão.
O elemento humano se torna, assim, imprescindível, levando o expectador –ou, talvez, melhor dizendo, não lhe dando outra escolha! –a se focar nas relações que se constroem com zelo e perspicácia.
Walter (Jenkins, confiável e competente como sempre) é um professor universitário que vive só em Connecticutt. Sua rotina imersa nas monotonias trazidas pela meia-idade. Walter quer transpor essa névoa de enfado tentando aprender música, mas sua professora de piano tem um método com o qual ensina crianças de dez anos, e o processo se torna constrangedor para os dois.
Numa rara escapadela de seu dia-a-dia trivial, Walter vai a Nova York para uma conferência.
Ao chegar em seu apartamento, que raramente utiliza, descobre que ele está ocupado por um casal de jovens imigrantes, Tarek e Zainab (vivida por Danai Gurira, de “The Walking Dead” e “Pantera Negra”) que pensavam ter locado o imóvel de um amigo. Após resolver a constrangedora situação inicial, Walter decide convidá-los a passar a noite ali, percebendo que não têm para onde ir. Com o passar dos dias, constrói-se uma amizade entre o professor e o rapaz imigrante (que encontra no ator Haaz Sleiman uma personificação vívida, alegre e carismática), onde Walter descobre, enfim, o deslumbre da música no ritmo vibrante dos tambores que Tarek e demais indivíduos de sua cultura batucam com propriedade no metrô de Nova York.
Até que Tarek é preso por um incidente menor no metrô.
Como o rapaz é imigrante, acaba encarcerado e, a possibilidade de que seja deportado, faz com que o professor hospede sua mãe Mouna (a bela e madura Hiam Abbass que, ao lado de Jenkins, forma o segundo pólo essencial e emocional do filme, entre os quais o eixo de toda a trama vai girar e impulsionar).
Esses breves momentos compartilhados por Walter e Mouna, onde dividem o afeto por Tarek em comum, e experimentam relutantes e encantadoras tentativas de alguma aproximação transformam-se em relacionamentos que aos poucos removem Walter de sua solidão e o fazem descobrir em quais âmbitos culturais, familiares, afetivos e existenciais ele, de fato, sente-se à vontade para estar.
Uma obra hábil e humana sobre laços que as barreiras culturais não precisam necessariamente impossibilitar cuja força vem da sua própria simplicidade.

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