O filme de Tom McCarthy (diretor de “O Agente
da Estação” e do premiado com o Oscar “Spotlight-Segredos Revelados”), tal e
qual outros de seus trabalhos, se sustenta nas grandes atuações de Richard
Jenkins e de Hiam Abbass –ele, indicado ao Oscar de Melhor Ator em 2008 –e é de
uma profunda sensatez para com a narrativa e a história que ela quer contar
essa decisão.
O elemento humano se torna, assim,
imprescindível, levando o expectador –ou, talvez, melhor dizendo, não lhe dando
outra escolha! –a se focar nas relações que se constroem com zelo e
perspicácia.
Walter (Jenkins, confiável e competente como
sempre) é um professor universitário que vive só em Connecticutt. Sua rotina
imersa nas monotonias trazidas pela meia-idade. Walter quer transpor essa névoa
de enfado tentando aprender música, mas sua professora de piano tem um método
com o qual ensina crianças de dez anos, e o processo se torna constrangedor
para os dois.
Numa rara escapadela de seu dia-a-dia trivial,
Walter vai a Nova York para uma conferência.
Ao chegar em seu apartamento, que raramente
utiliza, descobre que ele está ocupado por um casal de jovens imigrantes, Tarek
e Zainab (vivida por Danai Gurira, de “The Walking Dead” e “Pantera Negra”) que
pensavam ter locado o imóvel de um amigo. Após resolver a constrangedora
situação inicial, Walter decide convidá-los a passar a noite ali, percebendo
que não têm para onde ir. Com o passar dos dias, constrói-se uma amizade entre o
professor e o rapaz imigrante (que encontra no ator Haaz Sleiman uma
personificação vívida, alegre e carismática), onde Walter descobre, enfim, o
deslumbre da música no ritmo vibrante dos tambores que Tarek e demais indivíduos
de sua cultura batucam com propriedade no metrô de Nova York.
Até que Tarek é preso por um incidente menor no
metrô.
Como o rapaz é imigrante, acaba encarcerado e,
a possibilidade de que seja deportado, faz com que o professor hospede sua mãe
Mouna (a bela e madura Hiam Abbass que, ao lado de Jenkins, forma o segundo
pólo essencial e emocional do filme, entre os quais o eixo de toda a trama vai
girar e impulsionar).
Esses breves momentos compartilhados por Walter
e Mouna, onde dividem o afeto por Tarek em comum, e experimentam relutantes e
encantadoras tentativas de alguma aproximação transformam-se em relacionamentos
que aos poucos removem Walter de sua solidão e o fazem descobrir em quais
âmbitos culturais, familiares, afetivos e existenciais ele, de fato, sente-se à
vontade para estar.
Uma obra hábil e humana sobre laços que as
barreiras culturais não precisam necessariamente impossibilitar cuja força vem
da sua própria simplicidade.
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