O diretor Stefano Sollima segue uma estrutura
parecida com a do grande filme de Dennis Villeneuve do qual é continuação,
embora, no final das contas, este acabe sendo um filme bastante diferente.
Agora sem a personagem de Emily Blunt –uma
espécie de bússola moral no filme –o roteiro também de Taylor Sheridan se
concentra nos personagens um tanto ambíguos de Josh Brolin e Benicio Del Toro,
permitindo ao filme um mergulho sem ressalvas nos meandros mais sórdidos da
politicagem que norteia as decisões a pairar nas operações militares da
fronteira EUA/México. Este certamente era um dos propósitos do filme anterior
e, se era também aqui, ele se dilui um pouco na intenção de moldar, antes de
tudo, um grande filme de ação.
O agente federal Matt Graver (Josh Brolin) tem
como missão incumbida diretamente pelo novo ministro de defesa norte-americano
(Matthew Modine) deter os ataques terrorista –com o emprego de homens-bomba e
tudo –que veem se deflagrando na fronteira, a exemplo das ocorrências mais relacionadas
ao Oriente Médio.
A solução de Graver espelha em muito a política
usada pelos EUA lá: Incitar uma guerra entre os cartéis para que não haja
hegemonia e nem união. Graver conta então com seu homem de confiança, Alejandro
(Benicio Del Toro) que, desde que obteve parte de sua vingança no filme
anterior tornou-se uma espécie de agente infiltrado, para sequestrar a filha do
líder traficante Carlos Eyes, a jovem Isabela (Isabela Moner), e plantar
indícios de que fora o cartel rival.
Entretanto, contratempos acontecem: Eles
encenam o resgate dela de um cativeiro e quando tentam negociar sua devolução
acabam atacados por policiais mexicanos corruptos, o quê acrescenta caos e
imprevisibilidade ao plano.
Isabela se perde no deserto, enquanto Alejandro
assume a tarefa de encontra-lo e tentar devolvê-la ao lar (ou ao lugar onde
estiver mais segura). Nesse interim, a representante do governo dentro da malfadada
missão (Catherine Keener) exige uma queima de arquivo, desejosa de apagar a
relação do governo com uma missão tão controversa que encerrou-se
catastroficamente –e isso significa colocar Graver diante do dilema de
neutralizar Alejandro em definitivo.
Paralelamente a esses percalços cada vez mais
aflitivos, a narrativa acompanha a vagarosa inclusão de um jovem latino de
classe baixa no mundo do tráfico; caminho este que será cruzado com o de
Alejandro e Isabela nos palpitantes quarenta minutos finais de filme.
Em meio à crítica nada disfarçada da postura
prepotente do governo dos EUA em relação aos imigrantes, o filme realiza uma
bela execução técnica de suas sequências de ação e suspense construindo, neste
segundo filme, uma estrutura narrativa que demanda um terceiro episódio,
sinalizado de maneira explícita em seu final aberto e algo inconcluso.
A despeito de suas imperfeições é uma produção
que se eleva muito acima da média do gênero.
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