O diretor Blake Edwards e o astro Bruce Willis
se reuniram pela primeira vez em 1987 –mais tarde, em 1988, eles fariam
novamente juntos o charmoso, mas irregular “Assassinato Em Hollywood” –nesta
comédia romântica feita sem sombra de dúvida para capitalizar em cima do
sucesso de Willis na série de TV “A Gata e O Rato”. Para um ator de
perspectivas promissoras, o papel de um galã em potencial num filme divertido e
romântico era uma boa e segura estratégia na carreira, e ele ainda contava com
a direção de um dos mais hábeis realizadores de comédia de todos os tempos.
O resultado, se não atinge os picos de
genialidade da filmografia de nenhum dos dois, ao menos é plenamente
satisfatório, e continua agradabilíssimo de ser visto mesmo hoje, quase
quarenta anos depois.
Willis contribui com credibilidade e carisma
para interpretar Walter Davis, outrora um músico que abriu mão de sua vocação
para trabalhar num emprego de boa remuneração: No caso, um executivo de uma
empresa atolado de yuppies ambiciosos.
Todos estão concentrados no fechamento de um
negócio com um magnata chinês e, para tanto, todos devem, portanto, se reunir
num restaurante para um jantar coletivo, onde querem passar a melhor das
impressões ao provável cliente.
Walter deve, então, comparecer com uma
acompanhante adequada.
Eis que seu irmão lhe empurra então uma amiga
da esposa, completa desconhecida, mas que ele garante seu uma moça bela,
interessante e simpática –só há uma condição (à qual não é dada muita atenção
por Walter): Nada de fazê-la beber bebida alcóolica!
Ao conhecê-la, um bom sinal: Nadia é linda (e
interpretada por Kim Basinger, tão sedutora morena quanto o é loira) e, ao que
tudo indica, uma companhia bastante agradável para a noite.
Lá pelas tantas, porém, Walter resolve abrir
uma garrafa de champanhe para dividir com Nadia e, para o bom entendedor das
tramas engendradas nos filmes de Blake Edwards, já fica claro que é dada a
deixa para as confusões começarem: Uma vez embriagada, Nadia é um verdadeiro imã
para confusões; ela tumultua o jantar de forma irreparável e as coisas não
param por aí; o casal vai a outros lugares onde a embriaguez dela sempre
consegue colocar o pobre Walter em maus lençóis –além da ocasional presença do
ex-namorada maluco dela, o instável David (John Larroquete, um vilão cômico e
abestalhado).
Amparado como tantas outras comédias que vieram
antes e depois onde tudo se deflagra em meio a uma noite muito tumultuada
–embora seu trecho final, seu clímax, digamos, se dê em outro lugar e em algum
tempo depois –“Encontro Às Escuras” fazia parte do repertório de obras
oitentistas que foram reprisadas à exaustão na televisão, criando com isso uma
geração inteira de cinéfilos que deve tê-lo visto diversas vezes em sua
exibição.
Edwards já havia
demonstrado mais talento e brilho em outras obras, Willis trilhava aqui o
início de um caminho que o tornaria um astro radiante nos anos 1990 (“Duro de Matar” também sairia no ano seguinte) e Kim Basinger, ainda que bela e
encantadora, viria a tomar o cinema comercial de assalto com “9 e ½ Semanas deAmor” e com “Batman” sagrando-se como o grande símbolo sexual dos anos 1990,
todos esses elementos (a habilidade de seu diretor; a popularidade de seu
astro; o apelo sensual de sua estrela) podem ser conferidos em menor grau nesta
descompromissada comédia romântica que diante do objetivo de entretenimento
singelo a que se propõe não merece padecer diante de maiores expectativas.
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