quinta-feira, 9 de abril de 2020

Encontro Às Escuras

O diretor Blake Edwards e o astro Bruce Willis se reuniram pela primeira vez em 1987 –mais tarde, em 1988, eles fariam novamente juntos o charmoso, mas irregular “Assassinato Em Hollywood” –nesta comédia romântica feita sem sombra de dúvida para capitalizar em cima do sucesso de Willis na série de TV “A Gata e O Rato”. Para um ator de perspectivas promissoras, o papel de um galã em potencial num filme divertido e romântico era uma boa e segura estratégia na carreira, e ele ainda contava com a direção de um dos mais hábeis realizadores de comédia de todos os tempos.
O resultado, se não atinge os picos de genialidade da filmografia de nenhum dos dois, ao menos é plenamente satisfatório, e continua agradabilíssimo de ser visto mesmo hoje, quase quarenta anos depois.
Willis contribui com credibilidade e carisma para interpretar Walter Davis, outrora um músico que abriu mão de sua vocação para trabalhar num emprego de boa remuneração: No caso, um executivo de uma empresa atolado de yuppies ambiciosos.
Todos estão concentrados no fechamento de um negócio com um magnata chinês e, para tanto, todos devem, portanto, se reunir num restaurante para um jantar coletivo, onde querem passar a melhor das impressões ao provável cliente.
Walter deve, então, comparecer com uma acompanhante adequada.
Eis que seu irmão lhe empurra então uma amiga da esposa, completa desconhecida, mas que ele garante seu uma moça bela, interessante e simpática –só há uma condição (à qual não é dada muita atenção por Walter): Nada de fazê-la beber bebida alcóolica!
Ao conhecê-la, um bom sinal: Nadia é linda (e interpretada por Kim Basinger, tão sedutora morena quanto o é loira) e, ao que tudo indica, uma companhia bastante agradável para a noite.
Lá pelas tantas, porém, Walter resolve abrir uma garrafa de champanhe para dividir com Nadia e, para o bom entendedor das tramas engendradas nos filmes de Blake Edwards, já fica claro que é dada a deixa para as confusões começarem: Uma vez embriagada, Nadia é um verdadeiro imã para confusões; ela tumultua o jantar de forma irreparável e as coisas não param por aí; o casal vai a outros lugares onde a embriaguez dela sempre consegue colocar o pobre Walter em maus lençóis –além da ocasional presença do ex-namorada maluco dela, o instável David (John Larroquete, um vilão cômico e abestalhado).
Amparado como tantas outras comédias que vieram antes e depois onde tudo se deflagra em meio a uma noite muito tumultuada –embora seu trecho final, seu clímax, digamos, se dê em outro lugar e em algum tempo depois –“Encontro Às Escuras” fazia parte do repertório de obras oitentistas que foram reprisadas à exaustão na televisão, criando com isso uma geração inteira de cinéfilos que deve tê-lo visto diversas vezes em sua exibição.
Edwards já havia demonstrado mais talento e brilho em outras obras, Willis trilhava aqui o início de um caminho que o tornaria um astro radiante nos anos 1990 (“Duro de Matar” também sairia no ano seguinte) e Kim Basinger, ainda que bela e encantadora, viria a tomar o cinema comercial de assalto com “9 e ½ Semanas deAmor” e com “Batman” sagrando-se como o grande símbolo sexual dos anos 1990, todos esses elementos (a habilidade de seu diretor; a popularidade de seu astro; o apelo sensual de sua estrela) podem ser conferidos em menor grau nesta descompromissada comédia romântica que diante do objetivo de entretenimento singelo a que se propõe não merece padecer diante de maiores expectativas.

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