Lançado em 1995, “Apollo 13”, de Ron Howard,
dialoga diretamente com “Os Eleitos”, de Philip Kaufman, de 1983, e “O Primeiro Homem”, de Damien Chazelle, de 2018; embora sejam filmes de diferentes
diretores (e, portanto, de diferentes estilos e propostas) e lançados em época
consideravelmente afastadas de tempo, todos fornecem uma contribuição de
esclarecimento ao público para notáveis episódios da emocionante Corrida
Espacial Norte-Americana.
Dentre eles, pela natureza improvável e cheia
de percalços em seus acontecimentos, “Apollo 13” é o mais notável: Em 1969,
durante o Programa Discovery, a 13ª missão do projeto Apollo, destinado à lua,
dá errado, ameaçando a vida de seus três astronautas tripulantes, Jim Lovell
(Tom Hanks, em seu primeiro projeto após os Oscars consecutivos de Melhor Ator
por “Philadelphia” e “Forrest Gump-O Contador de Histórias”), Fred Haise (Bill
Paxton) e Jack Swigert (Kevin Bacon).
Imediatamente, a Nasa e seus técnicos passam a
organizar uma missão de improviso para trazê-los da órbita da Terra até a
segurança do solo, sem fazer idéia da integridade do funcionamento da nave, ou
mesmo da extensão dos danos ocorridos nos aparelhos.
Nesta sensacional variação de filme catástrofe
–o que torna “Apollo 13” uma espécie de precursor dos ótimos “Gravidade” e
“Perdido Em Marte” –o diretor Ron Howard (então, mais conhecido por comédias
descompromissadas como “Splash” com o próprio Tom Hanks) constrói uma belíssima
narrativa, prodigiosa na capacidade de capturar o envolvimento do público mesmo
diante de detalhes técnicos tão complexos quanto imprescindíveis à trama, ao
revelar um fato histórico real que entrou para a história da Nasa como o seu
"mais brilhante fracasso".
Muito bem representado por seu elenco
(coadjuvantes particularmente brilhantes são Ed Harris, Kathleen Quinlan e Gary
Sinise) e amparado por um trabalho técnico exemplar, o filme de Howard se vale,
sobretudo, de um roteiro minimalista e equilibrado de William Broyles Jr. e Al
Reinert (a partir do livro “Lost Moon”, do próprio Jim Lovell e de Jeffrey
Kluger) no qual são balanceados com a mesma intensidade os dramas vivenciados
pelas famílias dos astronautas em perigo –que funcionam como uma eficaz
representação do público –as tensões sucessivas, repletas de desafios técnicos e
questões logísticas experimentadas pelos engenheiros do centro de comando, e o
temor impronunciável dos próprios astronautas diretamente envolvidos na
calamidade, lutando contra o tempo e contra as probabilidades numa nave
agonizante em gravidade zero na tentativa de retornar para casa.
Um resgate cinematográfico
de valores muito norte-americanos, amparado numa grande história cujas
circunstâncias absolutamente singulares não abrem margem para o cinismo.
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