terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Forrest Gump - O Contador de Histórias

“A vida é como uma caixa de chocolates. Você nunca sabe o que pode encontrar lá dentro.”
Desde sempre um realizador hábil, no sentido de que entregava obras de apelo essencialmente comercial, mas válidas do ponto de vista artístico (e filmes como a trilogia “De Volta Para O Futuro”, “Carros Usados”, “Uma Cilada Para Roger Rabbit” e “A Morte Lhe Cai Bem” estão aí para provar isso), Robert Zemeckis sempre foi o discípulo que melhor espelhou seu mentor, Steven Spielberg.
Foi, portanto, uma manobra providencial do destino que levou Zemeckis a conquistar o Oscar de Melhor Filme e Melhor Diretor exatamente um ano depois de Spielberg o tê-lo feito com “A Lista deSchindler”.
Entretanto, existem diferenças extremas entre “A Lista...” e o filme que consagrou Zemeckis, “Forrest Gump”, inclusive no teor realista que o primeiro ostenta, e que o segundo utiliza de maneira mais maleável.
No fundo, no fundo, “Forrest Gump”, o filme, assim como o livro de Winston Groom que o inspirou, é uma grande brincadeira na qual seu personagem principal, Forrest, um rapaz norte-americano de Q.I. baixo se cruza com várias personalidades históricas do século XX e participa de momentos-chave da história norte-americana.
Após a linda cena que abre o filme –onde a câmera cheia de virtuosismos de Zemeckis acompanha uma pena a pairar no ar –na qual o protagonista, como o sub-título bem sugere, começa a contar sua história, somos assim apresentados à Forrest Gump (Tom Hanks, conseguindo interpretar um idiota com inteligência e sensibilidade) ainda em sua infância, quando sofre de dificuldade para andar, e cresce no estado do Alabama, incentivado pela mãe (Sally Field) a jamais se desanimar com as adversidades da vida.
Movido por um misto de inocência, ignorância e determinação, ele vai, já adulto, lutar na guerra do Vietnam –ao lado do amigo Bubba (Mykelti Williamson) e do irascível e rude Tenente Dan (o excelente Gary Sinise), dois personagens fundamentais em sua trajetória –e retorna condecorado herói. Torna-se, mais tarde, milionário num barco pesqueiro de camarões, vira campeão mundial de ping-pong no Japão e mobiliza multidões de pessoas quando decide cruzar os EUA apenas porque "deu vontade de correr".
Sua prioridade, contudo, ao longo dessa curiosa jornada parece ser sempre voltar para casa e, se possível, para junto de seu grande amor, Jenny (Robin Wright).
Meio remetendo à premissa de poderosa identificação já trabalhada no semi-clássico “Muito Além do Jardim” (onde vemos o cidadão comum e de intelecto limitado prevalecer sobre a elite) mesclada à idéia básica do filme de Woody Allen, “Zelig” (a mostrar seu protagonista indo e vindo em diversas situações onde se cruza com famosas celebridades de seu tempo), o filme de Zemeckis, a rigor, não entregava nada de novo, mas propunha um passatempo em forma de fábula divertidíssimo, bem contado e bem executado que capturou o coração do público e emocionou os críticos.
E isso, para a Academia de Artes Cinematográficas, foi mais que suficiente.

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