“A vida é como uma caixa de chocolates. Você
nunca sabe o que pode encontrar lá dentro.”
Desde sempre um realizador hábil, no sentido de
que entregava obras de apelo essencialmente comercial, mas válidas do ponto de
vista artístico (e filmes como a trilogia “De Volta Para O Futuro”, “Carros
Usados”, “Uma Cilada Para Roger Rabbit” e “A Morte Lhe Cai Bem” estão aí para
provar isso), Robert Zemeckis sempre foi o discípulo que melhor espelhou seu
mentor, Steven Spielberg.
Foi, portanto, uma manobra providencial do
destino que levou Zemeckis a conquistar o Oscar de Melhor Filme e Melhor
Diretor exatamente um ano depois de Spielberg o tê-lo feito com “A Lista deSchindler”.
Entretanto, existem diferenças extremas entre
“A Lista...” e o filme que consagrou Zemeckis, “Forrest Gump”, inclusive no
teor realista que o primeiro ostenta, e que o segundo utiliza de maneira mais
maleável.
No fundo, no fundo, “Forrest Gump”, o filme,
assim como o livro de Winston Groom que o inspirou, é uma grande brincadeira na
qual seu personagem principal, Forrest, um rapaz norte-americano de Q.I. baixo
se cruza com várias personalidades históricas do século XX e participa de
momentos-chave da história norte-americana.
Após a linda cena que abre o filme –onde a
câmera cheia de virtuosismos de Zemeckis acompanha uma pena a pairar no ar –na
qual o protagonista, como o sub-título bem sugere, começa a contar sua
história, somos assim apresentados à Forrest Gump (Tom Hanks, conseguindo
interpretar um idiota com inteligência e sensibilidade) ainda em sua infância,
quando sofre de dificuldade para andar, e cresce no estado do Alabama,
incentivado pela mãe (Sally Field) a jamais se desanimar com as adversidades da
vida.
Movido por um misto de inocência, ignorância e
determinação, ele vai, já adulto, lutar na guerra do Vietnam –ao lado do amigo
Bubba (Mykelti Williamson) e do irascível e rude Tenente Dan (o excelente Gary
Sinise), dois personagens fundamentais em sua trajetória –e retorna condecorado
herói. Torna-se, mais tarde, milionário num barco pesqueiro de camarões, vira
campeão mundial de ping-pong no Japão e mobiliza multidões de pessoas quando
decide cruzar os EUA apenas porque "deu vontade de correr".
Sua prioridade, contudo, ao longo dessa curiosa
jornada parece ser sempre voltar para casa e, se possível, para junto de seu
grande amor, Jenny (Robin Wright).
Meio remetendo à premissa de poderosa
identificação já trabalhada no semi-clássico “Muito Além do Jardim” (onde vemos
o cidadão comum e de intelecto limitado prevalecer sobre a elite) mesclada à
idéia básica do filme de Woody Allen, “Zelig” (a mostrar seu protagonista indo
e vindo em diversas situações onde se cruza com famosas celebridades de seu
tempo), o filme de Zemeckis, a rigor, não entregava nada de novo, mas propunha
um passatempo em forma de fábula divertidíssimo, bem contado e bem executado
que capturou o coração do público e emocionou os críticos.
E isso, para a Academia de
Artes Cinematográficas, foi mais que suficiente.
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