Dentre os intérpretes escolhidos para dar vida
aos personagens heróicos da DC Comics, Gal Gadot mostrou-se com folga, a mais
perfeita.
Melhor que Henry Cavill como Superman e melhor
que Ben Affleck como Batman, ela já conseguiu mostrar a que veio numa aparição
de uns dez minutos, porém arrasadora, como Mulher-Maravilha em “Batman Vs Superman”.
De lá pra cá, após os críticos torcerem o nariz
para o logo posterior “Esquadrão Suicida”,
o filme solo de sua personagem tornou-se a grande esperança para que o universo
de heróis da DC Comics, transposto dos quadrinhos para o cinema a exemplo do
Universo Marvel, viesse a dar certo.
Mais do que isso: Falou-se, e muito (na maioria
das vezes, com receio da parte dos estúdios) a respeito desta ser a primeira
produção estrelada por uma heroína –e, de quebra, também ela, dirigida por uma
mulher, no caso, Patty Jenkins, de “Monster-Desejo Assassino”.
Foi um passo tão duro e hesitante de ser dado
pela cultura pop, mas quando foi feito –agora, com o lançamento de “Mulher-Maravilha”
–revelou-se então certeiro, necessário e, muito provavelmente, determinante dos
rumos que não só a DC Comics seguirá daqui por diante, mas, da postura da
própria indústria: “Mulher-Maravilha” funciona brilhantemente, revelando-se tão
ou mais sensacional do que se tivesse um homem à frente ou atrás das câmeras.
A Mulher-Maravilha de Gal Gadot já tinha se
mostrado a melhor coisa em “Batman Vs Superman” –e, é bem possível que venha a
ser a melhor coisa no ainda vindouro “Liga da Justiça” –levando a crer que seu
filme solo seria magnífico.
Ela não fez por menos: Como protagonista, Gal
Gadot confirma o magnetismo singular que demonstrou naqueles inebriantes
minutos no outro filme, mostra-se habilmente capaz de abranger, com todo o
talento necessário a uma atriz, o arco dramático objetivo, criterioso e eficaz
dado aqui a sua personagem, e ostenta, nas cenas de ação, uma mistura nunca
menos que apaixonante de graça, beleza, energia e força cinética.
Em outras palavras: Perfeita no papel.
A sutileza embutida em sua atuação já se
percebe desde o começo, quando ela é mostrada despida da seriedade e da desilusão
para com o mundo que se podia ver em seu semblante no filme anterior (que, é
bom lembrar, passa-se, depois desta história). Quando começamos a acompanhar o
início de sua jornada, por volta de 1918 –período, portanto da Primeira Guerra
Mundial –Diana é uma jovem ávida pela oportunidade de se provar ao mundo e dele
fazer um lugar melhor, ainda que o registro da atriz e a condução da diretora
nunca a deixem cair em qualquer clichê possível.
A ilha de Themyscira, onde ela vive isolada e
protegida do mundo junto com todas as outras amazonas, recebe então um
inesperado visitante: O Capitão Steve Trevor (Chris Pine, um austero e generoso
coadjuvante), espião do exército inglês, fugindo dos inimigos alemães.
A guerra –“para acabar com todas as guerras”
como ele diz –chega então a Themyscira, o quê obriga Diana a tomar uma decisão:
Partir para o mundo dos homens ao lado de Trevor, tentar por um fim ao conflito
insano que coloca os homens uns contra os outros e, à propósito, confrontar o
deus da guerra, Ares, que, em sua pureza e ingenuidade, Diana tem certeza ser o
responsável pela selvageria que consome os homens.
O processo de descoberta de Diana –do mundo
injusto e, não raro, incompreensível dos homens e do dever que cabe a si
própria –é a grande jornada elaborada aqui por Patty Jenkins, e ela, em momento
algum, foge desse princípio: Tudo em seu filme, vilões, cenas íntimas e
grandiosas, personagens maiores e menores, manobras de roteiro, cenas de ação e
efeitos especiais, menções e situações, tudo está a serviço dessa história e da
possibilidade de engrandecê-la e à sua radiante protagonista.
Numa época tão incrivelmente tomada por heróis
mundanos, anti-heróis plenos de cinismo e a insistente ênfase nas
características defeituosas de seus protagonistas –algumas delas, ilustradas pela própria DC Comics em seus
filmes anteriores –“Mulher-Maravilha” vem para restaurar os valores como eles
deveriam ser; tão absurdamente pertinente se faz essa narrativa de Patty
Jenkins que nem mesmo a pecha de “à moda antiga” cabe em seu filme: Ele é sim,
poderosamente atual,moralmente necessário e profundamente emocional.
Um misto de eficácia narrativa, brilhantismo
cinematográfico (artístico, inclusive) com a escolha certeira de uma
protagonista tão cativante, forte e hipnótica que não se via no cinema desde...
oras, desde “Superman-O Filme”, com Christopher Reeve!
Vai se tornar um chavão,
mas “Mulher-Maravilha” é o filme que parece finalmente colocar o Universo
Cinematográfica da DC nos trilhos. E é a pura verdade.
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