Em 1993, “Jurassic Park” se sagrou como a maior bilheteria da história do cinema, mas seu reinado não durou muito, três anos depois, em 1996, a ficção científica “Independence Day” tomou esse posto, e nele ficou menos tempo ainda (!), já no ano seguinte, aportava nos cinemas um épico chamado “Titanic”, e o resto é história...
No panorama cinematográfico dos anos 1990,
“Independence Day” ocupa, portanto, esse lugar de êxito transitório tanto no
que diz respeito à sua notável bilheteria, como ao avanço de seus efeitos
especiais –e existem uma série de razões para o sucesso que o filme de Roland
Emmerich teve, e nenhuma delas está relacionada ao seu astro, Will Smith,
praticamente revelado ao público por este filme (e, por ele, catapultado ao
estrelato).
“Independence Day” é, em linhas gerais, e sem
muita sutileza no disfarce, uma versão modernizada de “Guerra dos Mundos”, de
H.G. Wells, tantas vezes transposta para a telona. Seu apelo fundamental está
no emprego imodesto dos efeitos visuais que conceberam cenas antológicas e
grandiloquentes, de tal forma impressionantes, que uma parcela extraordinária
do público entendeu que teriam de ser vistas na tela do cinema.
Cenas como as imensuráveis naves
extraterrestres sobrevoando inúmeras
cidades do mundo e a subsequente destruição de Nova York e de Washington por
essas mesmas naves não apenas entraram diretamente para o subconsciente
coletivo dos cinéfilos (a despeito de serem emolduradas numa trama bastante
genérica) como foram recompensadas com o Oscar de Melhores Efeitos Especiais na
cerimônia de 1997.
No início, indícios nebulosos sugerem aos
especialistas que algo de extraordinário se aproxima do planeta Terra: Naves
monumentais, de origem alienígenas, aos poucos se aproximam da atmosfera,
alarmando as autoridades do mundo inteiro, em especial, os EUA, onde o
presidente, Thomas Whitmore (Bill Pullman, na melhor fase de sua carreira),
emite um alerta geral. A chegada das naves (ilustrada na primeira metade do
filme, o que resulta num espetáculo verdadeiramente eletrizante) é recebida com
apreensão pelos cidadãos do mundo todo: Logo, os indícios se materializam em
fatos quando muitas dessas naves aparecem sobrevoando dezenas de cidades
espalhadas pelo planeta.
As tentativas de comunicação se iniciam, mas,
as verdadeiras intenções dos alienígenas são descobertas, talvez tarde demais,
pelo cientista do MIT David Levinson (Jeff Goldblum) e seu pai, Julius (Judd
Hirsch, de “Os Fabelmans”): A chegada deles à Terra é completamente hostil;
pois, logo na sequência, vemos cidades como Nova York, Washington e Los Angeles
serem varridas do mapa.
A humanidade sofre um impiedoso ataque
extraterrestre e, agora, os seres humanos sobreviventes precisam contra-atacar.
Nessa progressão de acontecimentos até que
bastante previsíveis –sabemos, claro, que a humanidade haverá de reerguer-se e,
ao final apoteótico, prevalecer sobre os vilanescos invasores –o diretor
Emmerich usa, como opção para valorizar as cenas, uma ênfase e uma referência à
muitos obras predecessoras que funcionaram bem, sobretudo, em sua composição
visual: As sequências de destruição aludindo aos grandes clássicos do
cinema-catástrofe do passado (potencializadas, porém, com efeitos visuais de
última geração); os escombros do mundo pós-ataque remetem à produções pós-apocalípticas
como “Mad Max”; as sequências de combate aéreo subsequentes lembram “Star Wars”
e afins; as aparições ocasionais dos alienígenas almejam um pavor opressivo
semelhante à “Alien”. E tudo isso, configura uma trama conduzida por dezenas de
personagens pretensamente carismáticos que nem sempre dizem à que vieram: Além
dos já citados, temos também a assessora da Casa Branca, Constance (Margaret
Colin), romanticamente envolvida com o personagem de Goldblum; o ex-piloto
pinel, abduzido por alienígenas no passado, que deseja ingressar na resistência
à invasão por um ingênuo sentimento de acerto de contas (Randy Quaid, de “Lua de Papel”); os militares turrões, truculentos, mas, no fim das contas, de bom
coração (esses são vários, Robert Loggia, Adam Baldwin, James Rebhorn); e,
finalmente, o piloto de caça vivido por Will Smith, Capitão Steven Hiller,
introduzido praticamente a partir da segunda metade do filme, que haverá de
protagonizar as mais expressivas incursões contra os alienígenas, com suas
tiradas engraçadinhas (mais clichê impossível), inclusive a arrojada manobra
final de confronto definitivo contra os alienígenas, onde poderá assim vingar a
morte do melhor amigo (Harry Connick Jr., de “Memphis Belle-A Fortaleza Voadora”),
morto em batalha pelos invasores (risca aquilo que eu falei, ISTO consegue,
sim, ser ainda mais clichê!).

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