sábado, 12 de dezembro de 2015

Star Wars - Episódio 4 Uma Nova Esperança

Até então, a "Trilogia Clássica de Star Wars", iniciada em 1977 quando os planos ambiciosos de consolidar uma saga de vários filmes ainda não apareciam, era tido como o final da história (embora ela tenha ganhado continuidade na literatura).
Agora, com a nova trilogia preparada pela Disney, as coisas mudaram: Os episódios IV, V e VI são, portanto, o 'meio' da história; e certamente, merecem uma revisão para capturarmos alguns elementos dos novos filmes. 
Uma coisa que sempre me cativou em “Star Wars” é que, dentre todas as grandes franquias cinematográficas, ela é uma das poucas que é cinema puro. 
Salvo “De Volta Para O Futuro”, “Indiana Jones” e alguns filmes de terror, “Star Wars” é a única série que já surgiu como filme, não sendo adaptação de livro, nem oriunda de uma série de TV e nem de uma HQ, nem nada. Antes de reclamem, ainda não considero “Avatar” uma série, já que ainda não ganhou continuações. 
Mas, enfim, vamos voltar ao assunto: Os robôs R2-D2 e C3PO servem de pivô introdutório, não apenas aos personagens principais, mas à todo o universo que constitui "Star Wars" quando aparecem, perplexos e desorientados, na fenomenal batalha que abre o filme de Lucas.
E tal recurso narrativo, bastante inteligente, foi aproveitado do brilhante "A Fortaleza Escondida", do mestre Akira Kurosawa (do qual, um dia desses, entrego uma resenha).
Detentores de uma mensagem capaz de frustrar os planos destruidores dos vilões envolvendo a temível 'Estrela da Morte', R2-D2 e C3PO encontram no desértico e longínquo planeta Tatooine o jovem fazendeiro Luke Skywalker, junto do qual procuram o sábio veterano de confrontos intergalácticos Obi-Wan Kenobi.
Luke e Obi-Wan são personagens arquétipos (e não há mal nenhum nisso): Luke é o jovem preso a uma existência de comodidade e insatisfação que, literalmente, sonha com as estrelas. Obi-Wan (na interpretação sublime do magnífico Alec Guinness) é o sábio providencialmente plantado pela narrativa para guiá-lo em seu caminho, embora a iniciativa, e a decisão de trilhá-lo, pertençam ao próprio Luke,
Juntos, eles partem para resgatar a princesa Leia, refém do maligno Darth Vader e do Império Galáctico, encontrando pelo caminho outras figuras icônicas da cultura pop como o contrabandista Han Solo e seu parceiro alienígena Chewbacca.
Essa receita arrojada, propondo um tratamento carregado de minúcia à uma premissa irrestritamente fantasiosa ao mesmo tempo em que mantinha uma simplicidade estrutural na compreensão de seus desdobramentos terminou moldando um dos grandes fenômenos do cinema. "Star Wars" revolucionou o conceito de filmes comerciais com sua mistura de mitologia, efeitos especiais de ponta e a luta do bem contra o mal. 
Só podemos supor a loucura e espanto que deve ter sido quando ele estreou nos cinemas em 1977, mostrando algo que nunca havia sido visto antes. O resultado de tamanha audácia terminou ganhando sete merecidíssimos Oscars em categorias técnicas.
É o primeiro filme idealizado e executado de uma série de seis longa-metragens planejados dentro de uma cronologia incomum: O mundo se viu chocado e aflito quando, no lançamento da continuação, "O império Contra-Ataca", ficou definido que aquele era o quinto episódio e este, portanto, o quarto (!). Alguns se perguntavam "onde estão os outros três filmes?!" Foi somente a partir de 1999 que George Lucas concebeu os episódios I, II e III, preenchendo retroativamente as lacunas deixadas ao longo dos filmes; sobretudo, no que diz respeito à importantes eventos passados (e que dão conta, principalmente, da origem do vilão Darth vader).
PS: Estou vendo as versões originais, e não aquelas versões com cenas adicionais e efeitos especiais acrescentados anos depois por George Lucas. A cena da taverna, onde Han Solo discute com o alienígena Greedo, e termina por surpreendê-lo (e à platéia, também) com um tiro fulminante e inesperado por baixo da mesa, fica muito mais legal sem a intervenção politicamente correta de George Lucas.

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