sábado, 17 de junho de 2017

Trilogia Mad Max

Mad Max
O conceito de filmes pós-apocalípticos era bem outro antes deste incomum, ressonante e vibrante trabalho de um ainda iniciante George Miller.
A idéia em si nem lograva definir o quê o filme seria: A fim de justificar o baixo orçamento e a ambientação incontornavelmente precária que teria de arcar, Miller concebeu o roteiro instalando a premissa em meio à um mundo onde a civilização já começava sua derrocada, justificando assim a ausência de figurantes (que eles não podiam pagar), os cenários arcaicos e rudimentares (que eram tudo aquilo de que dispunham) e as amplas tomadas desérticas (afinal de contas, o lugar de que podiam tirar o máximo de proveito).
A trama em si não colocava o policial Max Rockatansky como o personagem que ele acabou sendo: O roteiro estava mais para um thriller envolvendo motoqueiros desordeiros, um dos sub-gêneros comuns no cinema guerrilheiro, apelativo e franco da Austrália.
Mas, a necessidade, como se diz por aí, foi moldando o projeto, e “Mad Max” terminou sendo uma obra que reunia uma série de características bastante únicas.
Num futuro iminente, porém espertamente não determinado, um policial rodoviário (Mel Gibson, uma extraordinária presença de cena) das estradas desérticas da Austrália se defronta com uma gangue de motoqueiros arruaceiros, uma onda de violência e caos que parece se repetir em todo o mundo, levando os pilares da civilização a iniciar um colapso gradativo –as restrições extremas da produção impediam que este fosse um filme que ilustrasse inteiramente um mundo pós-apocalíptico (tarefa que foi magnificamente abraçada e executada pelos filmes seguintes), e é por isso que George Miller vale-se da criatividade, da sugestão e de várias sacadas de roteiro a fim de contornar essa questão.
Psicóticos, os selvagens antagonistas perseguem Max e terminam matando sua mulher e filho pequeno.
Não sabem o erro que cometeram.
São inúmeras as proezas incomuns deste filme aparentemente tão modesto e de realização tão básica: Iniciou uma série que consagrou o astro Mel Gibson; apresentou o estilo de cinema ebuliente e inusitado da Austrália para o mundo; e criou um cenário de mundo pós-apocalíptico (mais explorado nos filmes seguintes) que tornou-se modelo para infindáveis imitações posteriores (e inferiores).
Por tal aspecto ainda hoje desigual e suas cenas eletrizantes e imaginativas (em parte devido ao pequeno orçamento) usufrui, hoje, de um merecido status cult.


Mad Max 2-A Caçada Continua
Nesta continuação do cult "Mad Max", a orientação da história prima por explorar o mundo futurista que foi apenas esboçado no primeiro filme (de orçamento bem menor).
Agora já sabemos com mais nitidez os detalhes pelos quais se deu o desmoronamento da sociedade regulamentada, do qual tivemos um vislumbre no filme inicial.
É por isso que, neste segundo filme, Max Rockatansky já deixou à tempos o ofício de policial: Neste futuro pós-apocalíptico, cuja falta de combustível (como descobrimos no prólogo) levou ao esfacelamento da civilização, tudo o quê resta ao ex-policial fazer é singrar as estradas australianas a bordo do seu ford falcon envenenado.
Acostumado a enfrentar arruaceiros ocasionais, Max se encontra com uma sociedade montada dentro de uma fortaleza, onde as pessoas precisarão de seus serviços para conduzir um disputado caminhão de combustível por uma estrada afora.
Nesta produção, mais endinheirada do que a anterior devido ao sucesso de público, George Miller pode dar ainda mais personalidade aos quesitos que definiram o primeiro filme (e que são inerentes ao cinema australiano a que pertencem) o fetiche cativante e irresponsável com que são registradas as perseguições de carros mais drásticas. Essa faceta passou a definir a série, assim como –a partir desse filme –o registro curioso, inventivo e ácido de um mundo em frangalhos culturais, sociais e técnicos onde o diretor encontra largo terreno para a criatividade sua e da equipe técnica.


Mad Max-Além da Cúpula do Trovão
Em sua terceira aventura ambientada num mundo pós-apocalíptico onde a cada filme o diretor George Miller abandona cada vez mais as relações com a nossa própria civilização, o ex-policial Max Rockatanski, agora convertido num andarilho a singrar pelo mundo devastado, encontra uma sociedade desértica que gira em torno de uma arena –a Cúpula do Trovão.
Lá, a disputa pelo poder se dá entre uma dupla de controladores formada por Máster (a sabedoria representada num articulado anãozinho quase inválido) e Blaster (a força manifestada por um truculento gigante mudo), e Tia Entity (Tina Turner), líder de um grupo de motoqueiros punk (!).
Max passa algumas agruras no fogo cruzado dessa luta pelo poder: É levado, por um acordo com Tia Entity a confrontar o poderoso Blaster dentro da famigerada Cúpula do Trovão, em torno da qual se dão os embates que mobilizam toda atenção daquela sociedade (na mais espetacular cena de duelo de todo o filme), e termina exilado no deserto, onde conhece um grupo de crianças perdidas.
No terceiro filme da série protagonizada pelo personagem Max Rockatanski, o diretor George Miller já indica, em sua condução, a propensão para histórias mirabolantes que ilustrariam melhor o mundo anarquizado que ele criou –e que levaria ao formidável “Mad Max-Estrada da Fúria”.

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