Mad Max
O conceito de filmes pós-apocalípticos era bem
outro antes deste incomum, ressonante e vibrante trabalho de um ainda iniciante
George Miller.
A idéia em si nem lograva definir o quê o filme
seria: A fim de justificar o baixo orçamento e a ambientação incontornavelmente
precária que teria de arcar, Miller concebeu o roteiro instalando a premissa em
meio à um mundo onde a civilização já começava sua derrocada, justificando
assim a ausência de figurantes (que eles não podiam pagar), os cenários arcaicos
e rudimentares (que eram tudo aquilo de que dispunham) e as amplas tomadas
desérticas (afinal de contas, o lugar de que podiam tirar o máximo de
proveito).
A trama em si não colocava o policial Max
Rockatansky como o personagem que ele acabou sendo: O roteiro estava mais para
um thriller envolvendo motoqueiros desordeiros, um dos sub-gêneros comuns no
cinema guerrilheiro, apelativo e franco da Austrália.
Mas, a necessidade, como se diz por aí, foi
moldando o projeto, e “Mad Max” terminou sendo uma obra que reunia uma série de
características bastante únicas.
Num futuro iminente, porém espertamente não
determinado, um policial rodoviário (Mel Gibson, uma extraordinária presença de
cena) das estradas desérticas da Austrália se defronta com uma gangue de motoqueiros
arruaceiros, uma onda de violência e caos que parece se repetir em todo o
mundo, levando os pilares da civilização a iniciar um colapso gradativo –as
restrições extremas da produção impediam que este fosse um filme que ilustrasse
inteiramente um mundo pós-apocalíptico (tarefa que foi magnificamente abraçada
e executada pelos filmes seguintes), e é por isso que George Miller vale-se da
criatividade, da sugestão e de várias sacadas de roteiro a fim de contornar
essa questão.
Psicóticos, os selvagens antagonistas perseguem
Max e terminam matando sua mulher e filho pequeno.
Não sabem o erro que cometeram.
São inúmeras as proezas incomuns deste filme
aparentemente tão modesto e de realização tão básica: Iniciou uma série que
consagrou o astro Mel Gibson; apresentou o estilo de cinema ebuliente e
inusitado da Austrália para o mundo; e criou um cenário de mundo
pós-apocalíptico (mais explorado nos filmes seguintes) que tornou-se modelo
para infindáveis imitações posteriores (e inferiores).
Por tal aspecto ainda hoje desigual e suas
cenas eletrizantes e imaginativas (em parte devido ao pequeno orçamento)
usufrui, hoje, de um merecido status cult.
Mad Max 2-A Caçada Continua
Nesta continuação do cult "Mad Max",
a orientação da história prima por explorar o mundo futurista que foi apenas
esboçado no primeiro filme (de orçamento bem menor).
Agora já sabemos com mais nitidez os detalhes
pelos quais se deu o desmoronamento da sociedade regulamentada, do qual tivemos
um vislumbre no filme inicial.
É por isso que, neste segundo filme, Max
Rockatansky já deixou à tempos o ofício de policial: Neste futuro
pós-apocalíptico, cuja falta de combustível (como descobrimos no prólogo) levou
ao esfacelamento da civilização, tudo o quê resta ao ex-policial fazer é singrar
as estradas australianas a bordo do seu ford falcon envenenado.
Acostumado a enfrentar arruaceiros ocasionais,
Max se encontra com uma sociedade montada dentro de uma fortaleza, onde as
pessoas precisarão de seus serviços para conduzir um disputado caminhão de
combustível por uma estrada afora.
Nesta produção, mais endinheirada do que a
anterior devido ao sucesso de público, George Miller pode dar ainda mais
personalidade aos quesitos que definiram o primeiro filme (e que são inerentes
ao cinema australiano a que pertencem) o fetiche cativante e irresponsável com
que são registradas as perseguições de carros mais drásticas. Essa faceta
passou a definir a série, assim como –a partir desse filme –o registro curioso,
inventivo e ácido de um mundo em frangalhos culturais, sociais e técnicos onde
o diretor encontra largo terreno para a criatividade sua e da equipe técnica.
Mad
Max-Além da Cúpula do Trovão
Em sua terceira aventura ambientada num mundo
pós-apocalíptico onde a cada filme o diretor George Miller abandona cada vez
mais as relações com a nossa própria civilização, o ex-policial Max Rockatanski,
agora convertido num andarilho a singrar pelo mundo devastado, encontra uma
sociedade desértica que gira em torno de uma arena –a Cúpula do Trovão.
Lá, a disputa pelo poder se dá entre uma dupla
de controladores formada por Máster (a sabedoria representada num articulado
anãozinho quase inválido) e Blaster (a força manifestada por um truculento gigante
mudo), e Tia Entity (Tina Turner), líder de um grupo de motoqueiros punk (!).
Max passa algumas agruras no fogo cruzado dessa
luta pelo poder: É levado, por um acordo com Tia Entity a confrontar o poderoso
Blaster dentro da famigerada Cúpula do Trovão, em torno da qual se dão os
embates que mobilizam toda atenção daquela sociedade (na mais espetacular cena
de duelo de todo o filme), e termina exilado no deserto, onde conhece um grupo
de crianças perdidas.
No terceiro filme da série
protagonizada pelo personagem Max Rockatanski, o diretor George Miller já
indica, em sua condução, a propensão para histórias mirabolantes que
ilustrariam melhor o mundo anarquizado que ele criou –e que levaria ao
formidável “Mad Max-Estrada da Fúria”.
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