Esta realização do diretor britânico Seth Holt tem peculiar e bem-vinda característica a partir da qual toda e qualquer informação fornecida de seu plot pode comprometer a apreciação da obra, tão cheia de mistérios e de surpresas ela é.
“Grito de Pavor” une, com perícia insuspeita e
algumas pequenas coincidências, elementos de três filmes de Alfred Hitchcock:
Temos a trama nebulosa, de propósitos multifacetados que se descortinam de modo
surpreendente ao expectador conforme progridem os eventos, extraída de “Psicose”;
o(a) protagonista confinado(a) numa cadeira de rodas, cuja condição, acima de
tudo, potencializa o suspense, como em “Janela Indiscreta”; e o enigma algo
mirabolante (e por isso mesmo, instigante no público pela busca de respostas)
de um cadáver que desaparece e reaparece o tempo todo, como em “O Terceiro
Tiro”.
Desses tópicos se constrói o filme de Holt –e,
a partir daqui, detalhá-lo significará entregar invariavelmente algumas de suas
surpresas: A trama começa, antes mesmo dos créditos, com a descoberta de um
cadáver num país estrangeiro (nem mesmo os diálogos dos policiais, em outra
língua, ganham legendas); trata-se de um elemento que será, depois,
reaproveitado de maneira esperta pelo roteiro.
Afastada a dez anos do seio familiar, a jovem
cadeirante Penny Appleby (Susan Strasberg, a garotinha de “Férias de Amor”)
volta da Itália, onde passou a última década, para ficar junto do pai, em sua
mansão na França.
Penny requerer cuidados especiais, desde que
ficou paralítica, anos antes, ao cair de um cavalo: E o galante motorista da
família, Bob (Ronald Lewis), parece mais do que disposto a fornecer esses
cuidados. Ao chegar na mansão da família, Penny é surpreendida com algumas
revelações: Seu pai foi viajar misteriosamente –sem avisar Penny, sem dizer
para onde ia nem quando voltaria –e sua madrasta, Jane (Ann Todd, de “Daqui A Cem Anos”), que até então nunca tinha visto, a cobre de suspeitas gentilezas:
Parecem ser menos para fazê-la se sentir em casa, e mais para que Jane controle
cada movimento que faz.
Ao longo dos dias, em meio à uma atmosfera a
sugerir que algo errado está acontecendo, Penny flagra, em momentos fortuitos,
o que parece ser o cadáver do próprio pai (!), entretanto, toda a vez que uma
testemunha surge, o cadáver não está mais lá. Desaparece!
Para o médico da família, Dr. Gerrard
(Christopher Lee), tais visões podem ser surtos que alguma loucura que está
prestes a dominar Penny. E tal loucura, ao menos para a Jane vem bem a calhar:
Na impossibilidade de Penny administrar o dinheiro da família, após a morte de
seu pai, seria Jane quem receberia toda a fortuna.
A jovem, contudo, está plenamente lúcida, e
certa de que as aparições do cadáver do pai fazem parte de uma conspiração, e
ela tem somente o auxílio do prestativo Bob para encontrar o corpo, escondido
em algum lugar da mansão, e provar junto à polícia essas tramóias.
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