quarta-feira, 30 de agosto de 2023

As Passageiras


 No sub-gênero de vampiros ao qual se insere, “As Passageiras” é um passatempo efusivo, razoável e eficiente enquanto dura. Sua trama expõe brechas de uma mitologia supostamente mais elaborada e mais complexa da qual só se aproveita o necessário. Contudo, para a manutenção de toda diversão, é recomendado que o expectador não eleve por demais suas expectativas –ele é bem feito, intrigante e envolvente, mas sua capacidade de ser memorável é quase nula; sua lembrança começa a se dissolver na mente tão logo ele acaba. E esta parece ser uma espécie de fórmula geral empregada pela Netflix: realizar filmes (e séries, por que não) extravagantes em seu visual, belos em sua roupagem modernosa e até menos instigantes em sua teoria, mas que no fim chafurdam na mesmice comercial, e se mostram convictos em se restringir a isso.

O jovem Benny (Jorge Lendeborg Jr., de “Bumblebee”) é o típico protagonista descuidado e bem-intencionado que cai de para-quedas em uma encrenca da qual nada tinha a ver: A fim de levantar uma grana, ele troca de lugar com o soturno irmão mais velho Jay (Raúl Castillo, um dos coadjuvantes no vasto elenco de “Entre Facas e Segredos”), e assume a ocupação provisória de motorista por uma noite. A tarefa aparenta ser simples: Levar uma dupla de garotas socialites numa série de festas, em lugares específicos de Los Angeles devidamente discriminados no GPS, até que a madrugada chegue.

No roteiro (escrito por Brent Dillon), até mesmo o momento em que as coisas se complicam ocorre na ocasião mais previsível: Logo na primeira festa, Benny descobre a real e perigosa procedência de suas duas passageiras –tanto a mais dócil Blaire (Debby Ryan, de –pasmem –“Radio Rebel”, da Disney), quanto a mais selvagem Zoe (Lucy Fry, de “Wolf Creek-Viagem Ao Inferno”) são, na verdade, vampiras! E sua missão é seguir aquele itinerário de festas, não em busca de divertimento, mas sim na intenção de exterminar os chefes de clãs vampiros da região que por lá estarão. (Entre algumas dessas aparições, certamente, se destaca a participação das belas e jovens Sydney Sweeney e Megan Fox, cuja cena corre o risco de lembrar a alguns expectadores como são as participações de pessoas com carisma real!) Tudo isso faz parte de um plano designado pelo mestre delas, Victor (Alfie Allen, de “De Volta Ao Jogo”), que pretende alterar a escala de poder entre os vampiros de Los Angeles e, obviamente, se colocar no topo. No meio desse fogo cruzado, descobrimos que Jay, o irmão de Benny, é na realidade, uma espécie de caçador de vampiros, o líder de uma gangue armada que, entre outras atividades, busca manter a atividade dos vampiros reclusa no território conhecido como Boyle Heights.

Ao longo da noite na qual acaba coagido por diversas circunstâncias a continuar sendo o motorista particular das duas vampiras –e cuja estrutura de enredo, não por acaso, remete ao excelente “Colateral”, de Michael Mann –Benny precisa encontrar um meio de escapar com vida diante da ameaça garantida que experimenta com Zoe (cegamente leal à Victor) e do laço de afetividade real que constrói com Blaire (uma vampira que, apesar de tudo, preserva certa humanidade).

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