Max Durocher (Jamie Foxx, entregando um grande trabalho no mesmo ano em que arrebatou o Oscar de Melhor Ator por “Ray”) é um motorista de táxi de Los Angeles, assalariado em um trabalho que não lhe satisfaz, que vive planejando abandonar, embora no fundo, esteja apenas se enganado; a ocupação ‘temporária’ de taxista já tomou uma década inteira de sua vida! Numa noite desafortunada, ele é coagido por Vincent (Tom Cruise, num compenetrado e eficiente papel de antagonista), um assassino de aluguel, para quem dá carona em seu veículo, a acompanhá-lo e guiá-lo durante toda a noite aos locais da cidade em que deve fazer cada um de seus cinco "serviços".
O pobre motorista está convicto de que seu
perigoso passageiro não o deixará terminar a noite vivo, e por isso planeja
fazer algo para impedi-lo, e parar com os assassinatos.
Paralelamente, a circunstância em que se torna choffer do assassino leva Max e Vincent
a estabelecer uma curiosa relação entre suas próprias perspectivas.
O excelente roteiro de Stuart Beattie chegou a
parar nas mãos do brasileiro Fernando Meirelles (de “Cidade de Deus”), que
enxergou na premissa um filme de comédia, até ser realizado e conduzido com
brilhantismo pelo sempre competente diretor Michael Mann, que dele extraiu um
conto espetacular sobre desilusão e urgência.
Para tanto, sua técnica assimilou maneirismos
orgânicos das filmagens digitais –que ele empregou também em seu épico de
gangsteres “Inimigos Públicos” –criando um expectro de luz e sombra para as
filmagens que conferia ao registro da ação uma aura e uma impressão
equilibradas entre o documental e o ligeiramente onírico; características que
determinam com primor a natureza de sua trama.
Há um esforço tão nítido quanto admirável de
Tom Cruise em conceder textura e profundidade reais ao seu primeiro papel de
vilão, o que se sobressai, porém, é a magnífica composição de Jamie Foxx que,
aliás, concorreu ao Oscar de Coadjuvante.
A dinâmica entre Max e Vincent, nas mãos desses
dois grandes atores, no prisma formidável do inspirado roteiro e na condução
peculiar e inteligente da direção, acaba sendo muito mais do que um duelo de
egos antagônicos que culmina no incontornável embate físico: É também uma
observação audaz sobre os vícios da vida moderna, sobre a corrupção que nos rodeia
e sobre os empuxos drásticos e inesperados do destino.
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