sexta-feira, 29 de setembro de 2017

O Segredo do Abismo

Dando novos passos em direção ao gênio megalomaníaco que viria a se tornar, James Cameron aproveitou o acachapante sucesso de público obtido com “Aliens-O Resgate” para... voltar a falar sobre alienígenas!
Sua nova premissa, porém, não discorria sobre os desdobramentos hostis de um embate contra a raça humana e curiosamente também não se desenvolvia a partir da previsível ambientação espacial. Com seus pés ainda fincados na ficção científica, Cameron voltava sua atenção –e nomeava como fonte de suas questões pragmáticas –para o fundo do mar.
É lá, no afastamento misterioso, enigmático e opressivo das profundezas do oceano que os cientistas presentes numa estação aquática, todos eles munidos de um assombroso aparato técnico (cujo arrojo precisou ser, em grande medida, idealizado e projetado pela própria equipe de produção), descobrem indícios crescentes de vida inteligente, talvez oriunda do espaço, buscando contato com eles.
A resposta talvez esteja nas profundezas de um abismo subaquático, a beira do qual a estação se localiza, um dos locais mais profundos de todo o planeta Terra.
Mais do que em “Aliens” é aqui, em “O Segredo do Abismo” que se pode perceber o cineasta James Cameron surgindo por inteiro e com todas as letras: Estão lá as obsessões de ordem exponencial e natureza quase sempre técnica (começaram aqui as práticas com sucessivos mergulhos de submarino no fundo do mar, o que levou à idéia de filmar a reconstituição do naufrágio de um certo “Titanic”), assim como a forma idiossincrática, comercial ainda que imbuída de relativo humanismo, com a qual ele enxerga a ficção científica, e a maneira convicta e inclemente que sua encenação logisticamente realista e definida por efeitos práticos impõe pesados revezes ao seu elenco (que inclui Ed Harris, Mary Elizabeth Mastrantonio e Michael Biehn) –especialmente, no que diz respeito à difícil tentativa em lidar com a água.
Nesta produção, bastante característica do diretor James Cameron e do realizador que ele veio a se tornar, ele, à exemplo de Stanley Kubrick, por vezes submete o elenco e a equipe de seu filme a condições humanamente insuportáveis em função da busca por uma excelência técnica –algo que, aos poucos, tornou-se para ele quase habitual. Tais esforços, contudo, não foram à toa: Os efeitos especiais deste filme são referenciais, mesmo décadas depois de sua realização.

Nenhum comentário:

Postar um comentário