Dando novos passos em direção ao gênio
megalomaníaco que viria a se tornar, James Cameron aproveitou o acachapante
sucesso de público obtido com “Aliens-O Resgate” para... voltar a falar sobre
alienígenas!
Sua nova premissa, porém, não discorria sobre
os desdobramentos hostis de um embate contra a raça humana e curiosamente também
não se desenvolvia a partir da previsível ambientação espacial. Com seus pés
ainda fincados na ficção científica, Cameron voltava sua atenção –e nomeava
como fonte de suas questões pragmáticas –para o fundo do mar.
É lá, no afastamento misterioso, enigmático e
opressivo das profundezas do oceano que os cientistas presentes numa estação
aquática, todos eles munidos de um assombroso aparato técnico (cujo arrojo
precisou ser, em grande medida, idealizado e projetado pela própria equipe de
produção), descobrem indícios crescentes de vida inteligente, talvez oriunda do
espaço, buscando contato com eles.
A resposta talvez esteja nas profundezas de um
abismo subaquático, a beira do qual a estação se localiza, um dos locais mais
profundos de todo o planeta Terra.
Mais do que em “Aliens” é aqui, em “O Segredo
do Abismo” que se pode perceber o cineasta James Cameron surgindo por inteiro e
com todas as letras: Estão lá as obsessões de ordem exponencial e natureza
quase sempre técnica (começaram aqui as práticas com sucessivos mergulhos de
submarino no fundo do mar, o que levou à idéia de filmar a reconstituição do
naufrágio de um certo “Titanic”), assim como a forma idiossincrática, comercial
ainda que imbuída de relativo humanismo, com a qual ele enxerga a ficção científica,
e a maneira convicta e inclemente que sua encenação logisticamente realista e
definida por efeitos práticos impõe pesados revezes ao seu elenco (que inclui
Ed Harris, Mary Elizabeth Mastrantonio e Michael Biehn) –especialmente, no que
diz respeito à difícil tentativa em lidar com a água.
Nesta produção, bastante
característica do diretor James Cameron e do realizador que ele veio a se
tornar, ele, à exemplo de Stanley Kubrick, por vezes submete o elenco e a
equipe de seu filme a condições humanamente insuportáveis em função da busca
por uma excelência técnica –algo que, aos poucos, tornou-se para ele quase
habitual. Tais esforços, contudo, não foram à toa: Os efeitos especiais deste
filme são referenciais, mesmo décadas depois de sua realização.
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