Se há um grande nicho de público (brasileiro,
inclusive) acostumado ao cinema norte-americano, para o qual filmes realizados
em outros países soam exóticos e difíceis, certamente isso se aplica de maneira
ainda mais incisiva e abrangente no que diz respeito ao público das animações:
Com exceções raríssimas, eles estão habituados às ocasionais contribuições da
Disney, da Pixar e da Blue Sky (empresa realizadora de “A Era do Gelo” e “OTouro Ferdinando”), além de uma ou outra animação japonesa.
Parte do seleto e ignorado grupo das exceções
raríssimas, “Outback” vem da Austrália, narra uma trama que lhe enaltece a
geografia, a fauna e a cultura local (repare num dos poucos personagens humanos
concebido à imagem e semelhança do “Crocodilo Dundee”, de Paul Hogan), e por
essa mesma razão não atinge os níveis de resolução e acabamento visual daqueles
gigantes da animação.
No entanto, em sua simplicidade, até que
diverte.
Johnny (voz do comediante Rod Schneider) é um
koala branco que vive nas pradarias australianas –e à extensão desértica do
lugar é dado o nome de Outback.
Devido à sua pelugem albina, Johnny sofre
ligeira rejeição de outros da sua espécie e, guiado por essa angústia, termina
amigo de dois vigaristas em potencial, o diabo da Tasmânia Hamish (voz de Bret
Mackenzie) e o macaco debilóide Higgens (voz de Frank Welker) que ao levá-lo
para um circo nas imediações almejam ganhar algum lucro com ele negociando-o
com o lagartão que gerencia a coisa toda.
Quando o circo levanta acampamento, Johnny e os
outros são incluídos no último vagão do trem, mas, em algum momento da viagem,
esse vagão se solta, fazendo-os perderem-se na vastidão do Outback.
Lá pelas tantas, eles encontram um vale onde
outros animais mantêm à duras penas um refúgio contra a tirania de insaciável e
gigantesco crocodilo chamado Bogue (voz de Alan Cumming) e sua matilha de cães
selvagens.
Por uma série de coincidências inacreditáveis
–muito características das animações para crianças mais pequenas –Johnny os
convence de que é um animal dotado de algum poder extraordinário, além do
incomum pêlo branco, e passa a ser conhecido (e venerado) entre eles como Super
Koala (!), fato do qual Hamish e Higgens não demoram a tirar proveito.
A única a alimentar alguma desconfiança desses
ditos poderes (que, no final, não passam de sorte miraculosa) é a valente koala
Miranda (voz de Yvonne Strahovsky) e, do lado dos vilões, o próprio Bogue que
planeja desmascarar o Super Koala e chacinar seu grupo.
Nada que vá reinventar a
roda, mas a animação dirigida por Kyung Ho Lee após um início apático,
claudicante e cheio de pequenas redundâncias técnicas, vai encontrando o
caminho para a diversão, ainda que sempre amparado numa premissa básica
presente em uma infinidade de outros filmes e animações: O indivíduo inadequado
que encontra, em seus próprios termos, a aceitação e a redenção usando de meios
inesperados, imaginativos (a ponto de serem engraçados) e tortos.
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