Era de se supor que, com a acalorada recepção que o primeiro “Fantasma” teve, em 1979, sobretudo entre os amantes de filmes de terror, o diretor e criador, Don Coscarelli, logo realizasse uma continuação. Todavia, Coscarelli não o fez; ao menos, não imediatamente: Ele estava preocupado em ficar atrelado num único gênero e investiu, em vez disso, na realização da fantasia “O Senhor das Feras”, o que acabou atrasando a continuidade das tenebrosas aventuras de Mike e Reggie em, pelo menos, uns oito anos!
Quando as estrelas se alinharam para que “Fantasma
2” ganhasse vida, porém, isso se deu com pomba e circunstância: Por volta de
1987, um grande estúdio, a Universal Pictures, acabou financiando e
distribuindo o projeto –à época, a Universal era presidida por um entusiasta de
filmes de terror, Tom Pollock, que aproveitou para revitalizar diversas
franquias do gênero, como “Uma Noite Alucinante” e “Brinquedo Assassino”. Era questão
de tempo que o notável e instigante “Fantasma” viesse a chamar sua atenção.
Com uma produção mais endinheirada a sua
disposição –o que se nota especialmente no capricho e no empenho dos efeitos
práticos de maquiagem –Don Coscarelli experimentou também o revez desse mesmo
privilégio: O estúdio lhe impôs um jovem ator em ascensão para o papel
protagonista de Mike, impedindo-o de reescalar o mesmo Michael Baldwin do filme
anterior, e colocando no lugar James Le Gros (de “Drugstore Cowboy” e “À Salvo”)
que até se sai muito bem. O mesmo vale para o caráter muitas vezes ambíguo e
misterioso do enredo de “Fantasma” que, aqui, ganha inserções de narração em off e outras manobras narrativas que
deixam algumas explicações mais didáticas e mastigadas ao expectador. Algo que
definitivamente não faz o gosto do diretor Don Coscarelli.
Mas, todos esses, são fatores irrelevantes
perto da empolgação vívida que Coscarelli compartilha com o público por
finalmente conseguir dar continuidade à sua criação, ou da euforia
incontornável com a qual ele dá um passo a mais na construção de sua mitologia –que
aqui nos brinda com um aprofundamento maior em relação ao mundo sinistro que
cerca o Tall Man.
Começando na exata cena em que, quase uma
década antes, o primeiro “Fantasma” terminou, o novo filme mostra como Reggie e
um ainda garoto Mike foram capazes de escapar das garras de Tall Man, para
então passarem alguns anos sem se encontrar. Saído de uma clínica psiquiátrica,
Mike (agora com 19 anos e vivido por Le Gros) reencontra seu grande amigo, o
ex-sorveteiro Reggie (o sensacional Reggie Bannister) para juntos ganhar a
estrada, armados até os dentes, na tentativa de rastrear e, se possível,
neutralizar a assombração denominada Tall Man (o magnífico Angus Scrimm,
indissociável do personagem).
Como pista, Mike tem os sonhos envolvendo Tall
Man e suas vítimas que têm lhe perseguido nos últimos anos, mas ele não é o
único. Também em sonhos, ele vê e se comunica com a jovem Liz (a cândida Paula
Irvine), outra pessoa igualmente conectada por uma espécie de telepatia, ao
Tall Man.
Dessa forma, Mike e Reggie pegam a estrada, num
gesto que converte “Fantasma 2” em um road-movie.
Seu caminho termina os levando à cidadezinha de Perigord, no Oregon, cenário
convertido pela ação irrefreada do Tall Man e seus asseclas (uns anõezinhos
horrorosos) praticamente num ambiente pós-apocalíptico.
Completando o grupo de protagonistas a se opor
à entidade do mal, estão também o Padre Meyers (Kenneth Tigar, de “Os Vingadores”), um personagem promissor que podia até ter rendido um pouco mais
se sua participação não fosse tão abreviada, e a jovem Alchemy (Amanda Phillips,
iniciando timidamente aqui uma carreira mais voltada para filmes eróticos), um
breve affair de Reggie que guarda
algumas surpresas para os heróis.
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