sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Os Vingadores

Guardados alguns casos à parte (e que também mostraram-se interessantes) a Marvel Studios sempre compreendeu, em suas adaptações cinematográficas, que o gênero de super-heróis é, em grande e significativa medida, uma fonte de inspiração. E não de introspecção.
Seus trabalhos assim, primavam pelo senso de humor, pela descontração (vide o emblemático filme do Homem de Ferro). Passam, enfim, longe de serem obras sombrias.
E a Marvel Studios deu-se muito bem com isso.
O sexto filme realizado por eles, após seu estúdio de cinema ser consolidado, foi justamente aquele que reunia todos os personagens introduzidos separadamente nas produções anteriores, e atendia pelo título de “Marvel’s Avengers”, ou simplesmente chamado “Os Vingadores” –foi também aquele mais cercado de expectativa.
Era, afinal, uma cartada e tanto aquela que a Marvel estava dando (e tão bem sucedida ela foi que hoje, com vários estúdios correndo atrás para fazer a mesma coisa, fica difícil imaginar que, em 2012, isso ainda era um projeto sem precedentes): Convergir todo um leque de narrativas paralelas para unir vários personagens protagonistas num filme só.
Uns imaginavam algo parecido com “Onze Homens e Um Segredo”; outros um reflexo com mais pompa daquilo que Bryan Singer já fazia em “X-Men” (o mero surgimento de um grupo de heróis, afinal). O risco de fracasso, se pararmos para avaliar, era imenso.
Mas, a Marvel surpreendeu meio mundo demonstrando aquilo que, como estúdio, ela sempre demonstrou: Bom senso.
Eles chamaram Joss Whedon para roteirizar e dirigir o projeto e, embora à época, o filme mais famoso dele fosse o divertido e despretensioso “Serenity”, Whedon revelou-se a escolha adequada: Seu senso de humor convulsivo na construção narrativa combinava perfeitamente com a proposta da Marvel; seu conhecimento nato dos meandros das histórias em quadrinhos (das quais ele mesmo foi roteirista durante algum tempo) veio a calhar ao juntar inúmeras narrativas vindas dos filmes antecessores, e ele ainda soube ser absolutamente fiel ao material original das HQs, além de construir um filme, propriamente dito, pulsante, empolgante e vibrante por si só.
E ainda fez parecer que era algo simples e fácil de ser feito.
Retomando muito de seu gancho dramático deixado ao filme de “Thor”, descobrimos, já na cena de abertura do filme, que Loki (Tom Hiddleston, ótimo), o deus da trapaça, roubou das sedes secretas da S.H.I.E.L.D. o artefato poderoso conhecido como Tesseract (visto em “Capitão América-O Primeiro Vingador”).
Como provavelmente ele será usado para criar um portal que possibilite uma invasão alienígena à Terra, o diretor-chefe da S.H.I.E.L.D., Nick Fury (Samuel L. Jackson), dá início ao "Projeto Vingadores", que consiste em reunir num único grupo o gênio e playboy Tony Stark (Robert Downey Jr.), trajando sua poderosa armadura de Homem de Ferro; Steve Rogers (Chris Evans), o super-soldado conhecido como Capitão América; o deus do trovão –e irmão de Loki –Thor (Chris Hemsworth); e o cientista Bruce Banner (Mark Ruffalo), capaz de se transformar na criatura Hulk; além dos agentes, Natasha Romannof, a Viúva negra (Scarlet Johansson) e Clint Barton, o Gavião Arqueiro (Jeremy Renner). Juntos, esses seres tão distintos e igualmente poderosos formarão um grupo em defesa da humanidade.
O filme que Whedon constrói a partir dessa premissa é um exemplo de como o entretenimento pode ser empregado com maestria, sem que se perca, com isso, a qualidade artística. A um só tempo, espetáculo visual (praticamente metade do filme é uma grande e brilhantemente filmada seqüência de batalha), roteiro equilibrado e afinado (com exceção de um único furo, quando Thor desaparece sem menores explicações em uma cena fundamental), e grande obra de cinema (há pelo menos três grandes cenas específicas que ficam em nossa mente depois do filme), “Os Vingadores” coroou a iniciativa da Marvel Studios em moldar um universo composto por linhas narrativas conectadas, a exemplo do que já existia a quase cinco décadas nos quadrinhos, e entregou ao público a mais satisfatória e extasiante aventura que se pôde saborear no cinema em muito tempo.

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