No futuro próximo onde vivem, Grey (Logan Marshall-Green, de “Prometheus”) e Asha (Melanie Vallejo) são um casal quase normal: Ele, um adepto da tecnologia retrô (como fica evidente em suas tentativas de recuperar um antigo carro motorizado na cena inicial), ela uma executiva numa empresa de tecnologia digital.
Os dois seguem até a casa do ricaço e
excêntrico Eron Keen (Harrison Gilbertson) para Grey entregar-lhe o automóvel
restaurado e, no regresso, a insidiosa ficção científica do diretor Leigh Whannell, já mostra repentinamente a
que veio: Um acidente carregado de detalhes intrigantes –e já nesse início o
filme de Whannell acumula inúmeras pistas incertas com as quais ocupar o
expectador –seguido de um ataque de marginais e... uma tragédia!
Asha é morta, enquanto que Grey, atacado, fica
paraplégico.
A narrativa não deixa que o público respire
aliviado: Algum tempo depois, quando mal assimilou a reviravolta ingrata de sua
vida, e enquanto ainda contempla a sombria possibilidade do suicídio, Grey é
visitado por Eron com uma proposta: Implantar em sua coluna cervical um chip de
tecnologia inovadora. O chip, afirma Eron, pode devolver-lhe todos os
movimentos do corpo, uma vez que é capaz de restabelecer as conexões entre o
cérebro e os membros motores. Entretanto, há uma condição: Como trata-se de uma
tecnologia ainda experimental, e portanto não aprovada em lei, Eron quer que
Grey esconda de todos o restabelecimento de suas funções motoras, inclusive de
sua mãe (Linda Cropper) e da detetive Cortez (Bett Gabriel), a policial
incumbida de encontrar os culpados pela morte de Asha.
Nesse ponto fica claro ao expectador que o
impulso que movimentará a narrativa será a busca de Grey pelos responsáveis, e
que ele, com efeito, não se acomodará. Ele descobre que o chip implantado em
sua coluna é uma inteligência artificial denominada Sten, com quem pode
conversar, e que é capaz de assumir seu corpo, transformando-o num combatente
implacável quando necessário.
Munido dessas novas, digamos, habilidades, Grey
decide seguir as pistas por conta própria, e vai descortinando uma tramóia que
envolve ex-soldados com implantes cibernéticos, perfil bem diferente dos
alardeados marginais que teriam atacado ele e Asha.
O objetivo do jovem diretor Whannell, 100 %
atingido, é surpreender o expectador, sobretudo, a partir da inteligente
subversão das expectativas: A premissa que gira em torno de seu protagonista
poderia muito bem colocá-lo como um arremedo de super-herói, mas Whannell segue
num caminho mais nebuloso e intrigante construindo a partir daí um suspense
pulsante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário