Tivesse qualidade palpitante como entretenimento (tal qual o primeiro filme) ou fosse uma porcaria indefensável (tal qual o segundo), uma coisa ficou clara: A franquia “Transformers” era rentável. A crítica poderia expor, em minúcias, onde tudo estava errado –e quase sempre dizia respeito ao estilo histérico e espalhafatoso do diretor Michael Bay –mas, o público comparecia em peso nas bilheterias. Diante dessa constatação, não havia como não aprovar a realização de um terceiro filme tão logo o segundo fez dinheiro o suficiente para se pagar.
Embora tenha gerado relativamente menos
expectativa do que o filme anterior –a parcela mais exigente do público já
havia entendido que a qualidade se restringiu ao filme inaugural da saga –esta
terceira produção não deixou de enfrentar alguns contratempos, além de vir
pontuada com alguns indícios de que, sim, Michael Bay, apesar dos pesares,
estava atento às reclamações dos expectadores e fez questão de compor um filme
que se afastasse de muitas das notórias características negativas apontadas em
“A Vingança dos Derrotados”. Em seu novo filme, por exemplo, ele deu uma ênfase
mais dedicada aos personagens dos robôs (aqui, mais influentes na história);
enxugou consideravelmente o excesso de piadinhas, tornando-as mais pontuais
(embora, na boca de Shia LaBeouf, continuassem irritantes); aboliu
completamente a ambientação insistente do deserto presente nos dois filmes
anteriores; e acima de tudo, devolveu seu jovem protagonista, Sam Witwick (LaBeouf),
ao status de perdedor nato –o que contraria, de forma um tanto incômoda, a
postura de “bonzão” que ele ostentava na produção anterior.
Houve outro fator –este um pouco inesperado
–que tornaram as coisas diferentes neste terceiro filme: A personagem de Megan
Fox, Micaela (que, notamos, teria muito mais peso nesta trama) acabou sendo
retirada. O motivo: Alegações meio inconsequentes da parte da atriz (afirmando
que Michael Bay era um carrasco com o elenco e a equipe, comparando-o à Hitler)
deixaram descontente o produtor Steven Spielberg que, imediatamente, ordenou o
afastamento dela. Em seu lugar, foi escalada a modelo Rosie Huntington-Whiteley
(namorada do astro de ação Jason Statham) a fim de interpretar o novo interesse
amoroso de Sam, Carly –entretanto, é visto e perceptível que, embora mudasse o
nome da personagem e a beldade que a interpreta, tudo o mais no roteiro de “O
Lado Oculto da Lua” trata como se ela ainda fosse Micaela. Tanto é que Megan
Fox realmente estava lá nas primeiras semanas de gravação!
Enfim vamos à história: Ingressando na vida
adulta (e obviamente assumindo um cargo de simbólica inferioridade perante seu
chefe interpretado por John Malkovich), Sam vive uma fase complicada. A
namorada (agora, Carly) já não lhe dá atenção, ocupada que está com seu próprio
emprego (e com as exigências do patrão vivido por Patrick Dempsey). E seu
melhor amigo, Bumblebee, um dos Autobots, finalmente se deu conta de que é mais
que um carro de estimação de um humano e agora se ocupa das missões junto dos
demais Autobots, sem ter muito tempo para ele –atitude, diga-se, completamente
oposta da demonstrada pelo personagem no outro filme.
Os Autobots, por sua vez, liderados por Optimus
Prime, têm assuntos realmente sérios com os quais lidar: Atuando em parceria
com o governo dos EUA –personificados na personagem pouco aproveitada da grande
Frances McDormand –os Autobot acabam descobrindo que a relação entre sua
espécie e a dos seres humanos remonta há mais tempo do que parecia, no caso,
desde a chegada do homem na Lua (reconstituída num prólogo todo pomposo), onde
foi descoberta toda uma base ocupada de Decepticons.
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