Após “O Lado Oculto da Lua” e seus contratempos, um alerta vermelho acendeu nos corredores da Paramount Pictures e nos escritórios de Michael Bay: A franquia “Transformers” pedia por uma espécie de reboot e os realizadores precisavam compreender o momento certo de fazê-lo, se antecipando à reação negativa do público; que seriam bilheterias cada vez menores. Dessa forma, “A Era da Extinção” abriu mão de todo o núcleo de protagonistas humanos dos dois filmes anteriores –que, convenhamos, não serviam para muita coisa nos filmes e tinham ainda menos importância na série de desenhos de onde se inspiravam –focando em novos acréscimos ao elenco. Saia assim o histrionismo de Shia LaBeouf e entrava em seu lugar a seriedade apropriada e confiável de Mark Wahlberg, com quem Michael Bay havia trabalhado anteriormente no ótimo “Sem Dor Sem Ganho”.
É curioso notar como, dessa forma, “A Era da
Extinção” apontou involuntariamente para um calcanhar de Aquiles que a franquia
possuía desde seu início: A insistência dos roteiristas em privilegiar o ponto
de vista dos personagens humanos (ainda que construídos com tanta rasura quanto
os personagens não humanos...) e deixar num nada satisfatório segundo plano as
verdadeiras estrelas do show, os robôs gigantes, Autobots e Decepticons, que se
enfrentam numa guerra interminável.
Assim, entra em cena, Cade Yeager (Mark
Wahlberg, recém-saído de uma indicação ao Oscar por “Os Infiltrados”),
fazendeiro norte-americano com todas as características de herói involuntário
de ação: É pai de uma jovem ávida por procurar encrenca (Nicola Peltz, de
“Tempo”, uma candidata genérica à ‘nova Megan Fox’), é viúvo e solitário
(gancho para o interesse amoroso, que veio no filme seguinte) e muito hábil em
mecânica –conhecimento que vem a calhar quando acaba caindo em suas mãos a
carcaça de um caminhão antigo pedindo para ser restaurado. Quando acontece de
encaixar e ajustar as peças certas, Cade não apenas conserta o caminhão, mas
restaura suas diretrizes, descobrindo assim que ele é Optimus Prime (!), o
poderoso líder dos Autobots.
Como é perfeitamente previsível, isso arremessa
Cade diretamente no centro da guerra entre as duas facções de robôs, sobretudo,
depois que sua filha acaba indo parar numa nave pertencente aos alienígenas
(!), o que leva Cade a ter de aturar o namoradinho metido à besta dela (Jack Reynor,
de “Midsommar-O Mal Não Espera A Noite”) para poder salvá-la, indo parar do
outro lado do mundo, na China (uma nada aleatória escolha de ambientação, visto
a China abrigar um dos mais numerosos públicos do planeta), onde as batalhas
demolidoras e barulhentas de praxe se seguem.
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