quarta-feira, 26 de abril de 2023

Transformers - A Era da Extinção


 Após “O Lado Oculto da Lua” e seus contratempos, um alerta vermelho acendeu nos corredores da Paramount Pictures e nos escritórios de Michael Bay: A franquia “Transformers” pedia por uma espécie de reboot e os realizadores precisavam compreender o momento certo de fazê-lo, se antecipando à reação negativa do público; que seriam bilheterias cada vez menores. Dessa forma, “A Era da Extinção” abriu mão de todo o núcleo de protagonistas humanos dos dois filmes anteriores –que, convenhamos, não serviam para muita coisa nos filmes e tinham ainda menos importância na série de desenhos de onde se inspiravam –focando em novos acréscimos ao elenco. Saia assim o histrionismo de Shia LaBeouf e entrava em seu lugar a seriedade apropriada e confiável de Mark Wahlberg, com quem Michael Bay havia trabalhado anteriormente no ótimo “Sem Dor Sem Ganho”.

É curioso notar como, dessa forma, “A Era da Extinção” apontou involuntariamente para um calcanhar de Aquiles que a franquia possuía desde seu início: A insistência dos roteiristas em privilegiar o ponto de vista dos personagens humanos (ainda que construídos com tanta rasura quanto os personagens não humanos...) e deixar num nada satisfatório segundo plano as verdadeiras estrelas do show, os robôs gigantes, Autobots e Decepticons, que se enfrentam numa guerra interminável.

Assim, entra em cena, Cade Yeager (Mark Wahlberg, recém-saído de uma indicação ao Oscar por “Os Infiltrados”), fazendeiro norte-americano com todas as características de herói involuntário de ação: É pai de uma jovem ávida por procurar encrenca (Nicola Peltz, de “Tempo”, uma candidata genérica à ‘nova Megan Fox’), é viúvo e solitário (gancho para o interesse amoroso, que veio no filme seguinte) e muito hábil em mecânica –conhecimento que vem a calhar quando acaba caindo em suas mãos a carcaça de um caminhão antigo pedindo para ser restaurado. Quando acontece de encaixar e ajustar as peças certas, Cade não apenas conserta o caminhão, mas restaura suas diretrizes, descobrindo assim que ele é Optimus Prime (!), o poderoso líder dos Autobots.

Como é perfeitamente previsível, isso arremessa Cade diretamente no centro da guerra entre as duas facções de robôs, sobretudo, depois que sua filha acaba indo parar numa nave pertencente aos alienígenas (!), o que leva Cade a ter de aturar o namoradinho metido à besta dela (Jack Reynor, de “Midsommar-O Mal Não Espera A Noite”) para poder salvá-la, indo parar do outro lado do mundo, na China (uma nada aleatória escolha de ambientação, visto a China abrigar um dos mais numerosos públicos do planeta), onde as batalhas demolidoras e barulhentas de praxe se seguem.

Mais do que a satisfação do público (ainda que, no geral, a cotação deste quarto longa-metragem tenha sido melhor que as dos dois últimos), e mais do que a aprovação da crítica (esta cada vez mais injuriada com os vícios de linguagem e as redundâncias da narrativa de Michael Bay), “A Era da Extinção” é considerado um exemplar bem-sucedido dentro da saga por ser um orçamento consideravelmente menor que os filmes anteriores (algo que Bay havia prometido já durante a pré-produção) e, mesmo assim, manter o bom desempenho nas bilheterias, o que proporcionou à “Franquia Transformers” uma sobrevida.

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